O uso crescente das redes sociais por crianças e adolescentes têm levantado alertas para especialistas em saúde mental e educação. Se por um lado essas plataformas oferecem conexão e entretenimento, por outro, o uso excessivo vem sendo associado ao aumento da ansiedade, queda na autoestima, dificuldades de socialização e prejuízos no desempenho escolar. A psicóloga, Débora Sampaio, e a pedagoga, Cristine Rosado, apontam que o desafio atual não é eliminar a tecnologia, mas orientar os jovens a usá-la de forma equilibrada e consciente.
A psicóloga Débora Sampaio explica que os impactos vão além do entretenimento. “O uso excessivo de redes sociais vem contribuindo para o aumento da ansiedade, da baixa autoestima e das dificuldades de concentração. Crianças e adolescentes ainda estão em fase de desenvolvimento emocional e cerebral, o que os torna mais vulneráveis aos estímulos constantes e às comparações sociais”, afirma.
Entre os sinais de alerta, ela destaca irritabilidade, alterações de sono, isolamento e queda no rendimento escolar. “A preocupação excessiva com curtidas, seguidores ou aparência é outro indício de que o ambiente digital está interferindo no bem-estar emocional e nas relações reais”, observa.
Os riscos mais graves, segundo Débora Sampaio, incluem ansiedade, depressão, dependência tecnológica e até comportamentos autodestrutivos.
De acordo com a psicóloga, ansiedade e depressão têm se mostrado cada vez mais ligadas ao uso intenso das redes sociais. Essa relação está diretamente associada à forma como o cérebro reage aos estímulos digitais. “As redes sociais são projetadas para liberar dopamina, reforçando a busca por curtidas e interações rápidas. Mas, ao mesmo tempo, intensificam a comparação constante e a sensação de inadequação, o que fragiliza ainda mais a saúde mental”, explica.
Impacto das telas no rendimento dos estudantes
No ambiente escolar, esses efeitos são cada vez mais perceptíveis. A pedagoga Cristine Rosado aponta que a hiperestimulação causada pelo excesso de telas afeta diretamente a aprendizagem. “Os alunos apresentam dificuldade de manter o foco em tarefas prolongadas e demonstram fadiga emocional, como se nunca pudessem ‘desligar’. Essa sobrecarga impacta no corpo e no humor, refletindo na rotina escolar”, relata.
Segundo Cristine Rosado, o ritmo acelerado das redes sociais vai de encontro ao processo de aprendizagem. “As notificações constantes e os estímulos rápidos vão contra a construção de raciocínio contínuo. Por isso, percebemos alunos mais dispersos e com menor tolerância a atividades que exigem esforço cognitivo, como leitura ou resolução de problemas”, afirma.
Para reduzir os danos, escolas têm adotado medidas. “Na instituição onde trabalho, o uso do celular para lazer é proibido em sala de aula, justamente porque interfere na concentração. O que é incentivado é o uso pedagógico, em atividades planejadas e mediadas pelos professores. A distinção entre o uso recreativo, que dispersa, e o educacional, que potencializa o aprendizado, é essencial”, explica a pedagoga.
Segundo a educadora, há diferenças claras entre alunos que passam mais tempo online e os que fazem uso mais equilibrado. “Os alunos que ficam mais conectados tendem a apresentar maior dispersão, impulsividade e instabilidade emocional, além de queda no rendimento. Já os que usam menos, ou de forma crítica, demonstram melhor capacidade de concentração, criatividade e vínculos sociais mais consistentes”, compara.
Para Débora Sampaio, o desafio central está em reconstruir a relação dos jovens com o mundo digital. “É preciso educar para o uso consciente, criando espaços de diálogo e incentivando atividades offline que também tragam prazer e pertencimento”, ressalta.
Cristine Rosado complementa: “O ponto não é demonizar a tecnologia, mas discutir tempo de uso e qualidade das interações. Esse é o grande desafio de escolas e famílias hoje”.
O essencial, segundo ambas as especialistas, é orientar os jovens a usar as redes sociais de forma equilibrada, estabelecendo limites claros e promovendo diálogo constante entre família e escola. Dessa maneira, a tecnologia deixa de ser apenas fonte de distração e se torna uma aliada do aprendizado, do desenvolvimento pessoal e das relações sociais.
*Com informações de Tribuna do Norte