Registros fotográficos revelam a história da população negra de Porto Alegre

Registros fotográficos revelam a história da população negra de Porto Alegre

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Vai até quarta-feira (8), no piso superior do Mercado Público de Porto Alegre, uma exposição especial sobre a comunidade negra. É a comemoração dos 20 anos do livro Negro em Preto e Branco – História Fotográfica da População Negra de Porto Alegre. Vale aquela expressão “não perca”.

Quem vai fazer alguma compra no Mercado Público é só subir a escada rolante e lá prestigiar uma das mostras mais importantes da população negra da capital gaúcha, pessoal que enriqueceu a vida da cidade fundada pelos imigrantes açorianos em 26 de março de 1772. Com uma participação decisiva na formação da metrópole riograndense, as fotos históricas revelam “A Força da Memória” de uma comunidade presente em todos os segmentos da formação do nosso estado.

“O livro é dedicado para os negros e negras de todas as etnias, que enfrentam desafios diários para manter sua dignidade e cidadania”, diz a abertura da obra. As imagens são em preto e branco, evocando álbuns de família, lembranças coletivas e a força da fotografia como ferramenta de reparação e valorização da memória. O material foi escolhido, pesquisado e analisado pela fotógrafa Irene Santos e se tornou um documento da história negra da cidade.

As imagens são em preto e branco, evocando álbuns de família, lembranças coletivas e a força da fotografia como ferramenta de reparação e valorização da memória – Foto; Eugênio Bortolon

A obra é um documento definitivo e revisita a história negra na cidade. O teórico e artista belga Philipe Doubois afirma que se trata de “um caminho que provoca, valoriza e repara através da imagem, com um olhar ético e autêntico o viver dos negros em Porto Alegre”. Para ele, é um olhar empático que repara imediatamente esta poderosa comunidade e provoca, valoriza e repara através da imagem, baseado no princípio de distância e aproximação, com um olhar ético e autêntico.

Os textos do livro são assinados pela jornalista Vera Daisy Barcellos, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS, com participação da especialista e jornalista de cultura Silvia Abreu, na montagem e divulgação da publicação original, revisão de Oliveira Silveira, professor e poeta, proponente do 20 de Novembro – Dia da Consciência Negra, data que se contrapõe ao 13 de maio e que marcou definitivamente a luta do movimento negro brasileiro.

Nesta exposição, Irene Santos, Vera Daisy Barcellos, Silvia Abreu e Oliveira Silveira são especialmente homenageados, assim como todas as 100 famílias que doaram suas fotografias pessoais para a construção desse acervo afetivo e histórico, além das personalidades que assinam os textos do livro. A produtora e documentarista Lizandra Moraes fez o trabalho de organização geral para que a exposição se tornasse um fato real. Já foi visitada por milhares de pessoas que vão ao Mercado Público, que este ano completa 156 anos e em outubro tem programação cultural durante todo o mês. A mostra faz parte deste cenário festivo.

Nesta exposição, Irene Santos, Vera Daisy Barcellos, Silvia Abreu e Oliveira Silveira são especialmente homenageados – Foto: Eugênio Bortolon

O ambiente como terceiro educador

Moraes diz que os seus estudos da política educacional de museus no Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) mostraram a ela como o ambiente se torna um elemento efetivo e como terceiro educador. “Esse é um conceito pedagógico que se refere ao espaço físico e aos materiais como elementos que também educam, junto com o professor e o próprio aluno. É um ambiente cuidadosamente organizado, flexível e rico em estímulos que promove a curiosidade, a autonomia e a criatividade, permitindo que a criança construa ativamente seu conhecimento e desenvolva habilidades cognitivas, sociais e afetivas.” A concepção conta ainda com o apoio do Ponto de Cultura Terra de Bambas, onde o artista Sílvio Oliveira materializa o projeto arquitetônico que dá corpo à exposição, criando esse caminho que percorre memórias.

Até a quarta-feira (8) estão previstas mediações diárias das 11h às 16h conduzidas por uma equipe preparada para dialogar com o público e apresentar o caráter reparador da obra. O patrocínio da exposição é do Ministério da Cultura – Lei Aldir Blanc, com apoio da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. O espaço é em formato itinerante, convidando os visitantes a um mergulho afetivo nos territórios, rostos e histórias que constituem a capital gaúcha.

Agendamento de grupos: @almasretintas | (51) 98595.9611 – Lizandra Moraes

Livro: Lançado em 2005 por meio do Fumproarte (Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cultural de Porto Alegre), o livro rapidamente teve sua tiragem esgotada e hoje só pode ser encontrado em sebos e bibliotecas. Considerada uma obra de referência, a publicação utiliza álbuns de família, lembranças coletivas e registros fotográficos como ferramentas de valorização da memória e de reparação histórica. Uma nova edição está em estudo para atender à demanda permanente de leitores e pesquisadores.

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