desafios afastam caminhoneiros da estrada

Quais os principais desafios afastam caminhoneiros da estrada?

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Os últimos anos não têm sido fáceis para os caminhoneiros. Os desafios afastam os caminhoneiros da estrada. Algumas dessas dificuldades  passam pela falta de valorização, pouco acesso a créditos de financiamento para a troca de caminhão, baixa movimentação de carga, valor defasado de frete e alta de diesel.

A falta de expectativas para alguns profissionais coloca em dúvida a permanência na profissão. Outros ainda acreditam em tempos melhores e fazem planos. E, ainda tem ainda aqueles que, apesar de desanimados, colocam a paixão pelo caminhão acima de qualquer dificuldade.

A lista de dificuldades dos caminhoneiros quase sempre diz respeito a falta de valorização e de infraestrutura adequada para exercer a atividade. Recentemente a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (Blizz) divulgou os resultados da Pesquisa Nacional Realidade do Transportador Autônomo de Cargas 2024.

A pesquisa é uma iniciativa da CNTA para traçar o perfil do caminhoneiro autônomo no Brasil a fim de subsidiar de maneira mais assertiva a criação de políticas públicas para categoria. Para isso, o estudo abordou aspectos como perfil social, profissão, segurança, saúde, legislação e veículos.

Foram ouvidos 1006 caminhoneiros em São Paulo (SP), Santos (SP), Contagem (MG), Paranaguá (PR), Feira de Santana (BA), Rondonópolis (MT) e Talismã (TO), entre 15 e 29 de maio de 2024, por entrevistadores da empresa AGP Pesquisas.

Desafios afastam caminhoneiros da estrada: confira os principais

De cada cinco profissionais entrevistados, um afirmou que nunca realiza check-up de saúde; 15% fazem check-up a cada 3 anos, 16% a cada dois anos e 49% pelo menos uma vez ao ano. Vinte e um por cento disseram nunca ir ao dentista.

Já quanto ao uso de substâncias psicoativas, 35% dos caminhoneiros entrevistados disseram que fumam e 25% admitiram ter usado estimulante (rebite) pelo menos alguma vez. Com relação a remédios, 31% afirmaram que tomam medicamento de uso regular. Quase metade (47%) afirmou ter algum problema de saúde.

Questionados se já foram vítima de furto/roubo de cargas pelo menos uma vez, 46% dos caminhoneiros disseram que sim – dentro desse total, 9% já foram assaltados 3 vezes ou mais. Na questão “se sente seguro nas rodovias?”, 50% responderam “nunca”; 34% “raramente”; 13% “na maioria das vezes”; e só 3% “sempre”.

O impacto do preço do óleo diesel para abastecer o caminhão é considerado “muito alto” para a maioria dos caminhoneiros autônomos (68%). Segundo a pesquisa, a média de idade dos caminhões é de 11 anos, a maioria dos entrevistados (64%) disse estar com o veículo quitado e 15% afirmaram sentir necessidade de trocar o caminhão. A existência de rastreador no veículo corresponde a 82% do total, e 83% dos caminhões possuem seguro.

Desafios afastam caminhoneiros da estrada: baixa remuneração e condições precárias de trabalho

Para Alan Medeiros, assessor institucional da CNTA – Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos- fatores como baixa remuneração baixa, a condição de trabalho precária e a falta de estrutura adequada, somadas aos custos e aos riscos da profissão, têm sido fatores decisivos para o não ingresso e permanência desses profissionais na área.

“O interesse pela profissão por parte dos jovens a partir do incentivo de pais e familiares que atuam na área, não tem sido algo comum. Diferente do que sempre vimos nessa profissão, a maioria dos caminhoneiros atuais diz que não incentiva os filhos a seguir a mesma profissão em virtude das dificuldades e da falta de reconhecimento”, explica.

Em relação a ações urgentes, a CNTA acredita que é necessário preservar a segurança, a autonomia e o conforto desses profissionais e garantir que as leis existentes que asseguram os direitos básicos da categoria sejam, de fato, cumpridas.

“Paralelo a isso, é preciso investimento em infraestrutura rodoviária, com melhorias nas estradas e nos pontos de parada e descanso, além do reforço na segurança. Atualmente a categoria é lesada mesmo tendo seus direitos garantidos através de leis específicas. Uma remuneração adequada também seria reflexo de um trabalho valorizado”.

Risco de apagão logístico no Brasil

Apesar da relevância da profissão existe um risco de um apagão logístico caso nada seja feito para incentivar o ingresso de novos motoristas. Segundo estudo do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS), entre 2014 e 2024, o Brasil registrou uma queda de cerca de 20% no número de caminhoneiros. Em 2014 existiam 5,5 milhões de profissionais. Já em 2024, esse número passou para 4,4 milhões de motoristas em atividade.

Diante dessa realidade, as novas gerações desejam cada vez menos seguir a profissão dos pais ou avós, o que compromete a reposição da mão de obra. As principais razões estão ligadas à baixa remuneração, ao alto risco de vida, às péssimas condições das estradas e à dureza da rotina.

Outro fator de preocupação é a idade média dos profissionais. Segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), divulgados pelo ILOS, 60% dos caminhoneiros têm mais de 51 anos. A distribuição etária mostra que 28% estão entre 51 e 60 anos, 21% entre 61 e 70 e outros 11% já ultrapassaram os 70. A idade média atual é de 54,2 anos, um indicativo claro do envelhecimento da categoria.

Na base da pirâmide, apenas 4% dos condutores estão na faixa entre 18 e 30 anos, o que acende um alerta sobre a capacidade futura de atendimento à demanda logística do país.

A valorização dos caminhoneiros é a solução mais eficiente para tentar reverter essa quadro. Para Marcelo Patrus, CEO da Patrus Transportes, é importante as empresas adotarem práticas que colocam o bem-estar do caminhoneiro como prioridade.

“O caminhoneiro é a espinha dorsal do transporte rodoviário brasileiro. Investir em melhores condições de trabalho significa não só valorizar o profissional, mas também garantir mais qualidade, segurança e eficiência para toda a cadeia logística. Esse é um compromisso que assumimos na Patrus Transportes”, afirma Marcelo Patrus, CEO da Patrus Transportes.

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