Iniciativa ocorreu apesar da orientação contrária do governo nacional, que advertiu para riscos de tensões internas
Ao menos 50 prefeituras francesas, majoritariamente de esquerda, hastearam nesta segunda-feira (22) a bandeira palestina em apoio ao reconhecimento do Estado palestino pela França. A iniciativa ocorreu apesar da orientação contrária do governo nacional, que advertiu para riscos de tensões internas. O presidente Emmanuel Macron deve oficializar o reconhecimento em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU, cumprindo promessa feita meses atrás e que gerou forte reação de Israel.
Segundo o Ministério do Interior, 52 das cerca de 35 mil localidades do país aderiram ao ato. Uma das primeiras foi Saint-Denis, na região metropolitana de Paris, com a presença do líder socialista Olivier Faure, que defendeu o gesto como símbolo da busca por uma solução de dois Estados.

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Em Paris, a prefeita Anne Hidalgo optou por não aderir à campanha, mas projetou no domingo (21) as bandeiras de Israel e da Palestina, acompanhadas de uma pomba da paz, na Torre Eiffel. Ainda assim, ativistas e representantes da esquerda chegaram a hastear uma bandeira palestina por cerca de meia hora na fachada da prefeitura da capital. O Ministério do Interior, chefiado pelo conservador Bruno Retailleau, enviou um telegrama aos prefeitos pedindo que não adotassem a medida, com base no princípio de neutralidade do serviço público. A pasta também alertou para riscos de importação do conflito ao território francês e possíveis distúrbios à ordem pública.
A Justiça já determinou a retirada de algumas bandeiras, como em Malakoff, ao sul de Paris, onde a prefeita comunista Jacqueline Belhomme foi multada em 150 euros por dia de descumprimento. Ela afirmou que manterá o gesto até, pelo menos, terça-feira (23). O debate remete a outras polêmicas recentes no país. Em 2022, diversas cidades exibiram bandeiras ucranianas em solidariedade à resistência contra a Rússia, e em 2023, a Justiça ordenou a retirada de bandeiras de Israel hasteadas em Nice após ataques do Hamas.