Justificativa do tarifaço de Trump é rejeitada por 72% dos brasileiros, mostra Genial/Quaest

Por que o Brasil é o único país que ainda não conseguiu negociar com Trump?

Artigo Policial

Se Lula insistir na posição de não aceitar as condições impostas pelos Estados Unidos, já que, segundo ele, ferem a soberania nacional, o país pode degringolar

Ricardo Stuckert/PRE Will OLIVER/POOL/EFE/EPASe não bastasse, vieram as condições de Trump em uma carta direta a Lula

Na última semana, Lula ordenou que o processo para acionar a Lei da Reciprocidade fosse iniciado. Quase todas as pessoas ficaram de cabelo em pé, pois essa iniciativa poderia provocar consequências inimagináveis. Com certeza, como resposta, os EUA iriam retaliar com novos aumentos de taxas, acima do pesado percentual de 50%.

Bastou um instante de reflexão para que Lula desse meia-volta e enviasse uma ordem contrária: que os responsáveis por essas ações aguardassem mais um pouco até que novos estudos e ponderações fossem levados a cabo. Uma decisão que pareceu sensata e deu certo alívio para o mercado.

Uma carta surpreendente

Está tudo muito confuso. Uma pergunta recorrente é esta: por que o mundo inteiro já se sentou à mesa com Trump para negociar as tarifas de exportações para os Estados Unidos, menos o Brasil? No início, talvez o governo brasileiro não acreditasse que as ameaças seriam levadas a sério. Tanto que, quando a decisão foi tomada, a reação de Lula e de seus ministros foi de surpresa e indignação.

Se não bastasse, vieram as condições de Trunfo em uma carta direta a Lula. Foi uma mensagem que contrariou todas as bandeiras do presidente brasileiro. Os principais pontos pressionam de forma contundente:

– Fim imediato do julgamento de Bolsonaro;
– Garantia irrestrita de liberdade de expressão e de atuação das Big Techs;
– Reclamação sobre políticas comerciais brasileiras.

cta_logo_jp

Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp!

Só o Brasil não consegue

Como discutir redução de tarifas se, antes, Trump deseja o encerramento do julgamento de Bolsonaro e liberdade de atuação das Big Techs? Se Lula insistir nessa posição de não aceitar as condições impostas, já que, segundo ele, ferem a soberania nacional, o país pode degringolar. Como enfrentar esses desafios todos, ter de aceitar a rendição e sair de cabeça erguida?

Bem, países e regiões como China, Canadá, Índia, México, Japão, Coreia do Sul, União Europeia e Sudeste Asiático deixaram a vaidade de lado e foram lá com pires na mão. Alguns ainda não conseguiram os resultados pretendidos, mas deixaram portas abertas para novas rodadas de conversas. Não é possível que só o Brasil não consiga um canal para iniciar as tratativas.

Tentativas malsucedidas

Houve pálidas tentativas. Uma com a embaixadora brasileira nos Estados Unidos, Maria Luiza Ribeiro Viotti. Não deu certo: não foi recebida. Outra com uma comitiva de senadores. Conversaram lá com alguns empresários e um grupo de parlamentares, oito democratas e um republicano. Ou seja, falaram com quem não resolve. Além desses casos, ninguém mais conseguiu aproximação.

O ex-presidente Michel Temer disse que, se fosse ele no lugar de Lula, reuniria a imprensa e faria uma ligação a Trump. Se ele não quisesse atender, diria que no dia seguinte ligaria novamente. Dessa forma, por meio dos jornalistas, daria uma satisfação aos brasileiros sobre o seu interesse em resolver a questão.

As tarifas de Trump podem ser ilegais

A verdade é que até agora não se vê uma luz de esperança para essa situação. Depois de Lula confrontar Trump reiteradamente, ficou ainda mais difícil qualquer tipo de acesso àqueles que teriam autoridade para negociar mudanças na taxação.

Essa situação também não é conveniente para os EUA. Eles têm mais poder de barganha e podem esticar a corda, mas deve chegar o dia em que talvez tenham de apresentar alguma alternativa. Os próprios americanos começam a se movimentar. Um tribunal de apelações julgou no dia 29/08 que muitas das tarifas implementadas por Trump são ilegais.

Seria apenas uma desculpa?

Ou seja, nada é tão definitivo para a justiça americana. Essa decisão só passará a valer a partir de 14 de outubro. Nesse período, Trump deverá recorrer à Suprema Corte para reverter essa determinação. Como tem maioria na Casa, é provável que consiga manter a taxação. O Brasil não pode ficar na dependência dessas disputas judiciais nos Estados Unidos, tem de encontrar os próprios caminhos.

Embora dezenas de países tenham sofrido aumento de tarifas dos Estados Unidos, o Brasil possui uma peculiaridade: o julgamento de Bolsonaro. Se esse caso é apenas uma desculpa para o tarifaço, ou uma pressão para que Lula pare com essa história de negociar com outros países usando moeda que não seja o dólar, ninguém sabe.

A realidade é que o nome de Bolsonaro está na mesa de “não” negociação. A pergunta que teima em não encontrar resposta é esta: como retirar o nome dele da mesa para dar início a uma conversa com Trump? Como saber? Agora começa o julgamento. Os americanos já disseram que estão de olho. Há notícias de que novas sanções estão prontas para serem usadas contra quem condenar Bolsonaro. Será? Siga pelo Instagram: @polito

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.



Conteúdo original

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *