O apagão de mão de obra na construção civil brasileira

O apagão de mão de obra na construção civil brasileira

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O setor da construção civil brasileira vive, em 2025, um momento singular e, de certa forma, paradoxal. Se há emprego, falta preparo. Se há vontade de produzir, falta incentivo. E enquanto isso, o preço do metro quadrado reflete não só o custo dos materiais ou a especulação, mas também o custo de uma mão de obra que o país, hoje, ainda não consegue formar em escala para atender o fluxo de desenvolvimento do setor imobiliário. Enquanto o Brasil ainda convive com desafios persistentes no combate ao desemprego e à informalidade, a construção surge como um dos poucos segmentos com saldo positivo e consistente na geração de empregos formais. O número de trabalhadores com carteira assinada ultrapassou, pela primeira vez desde 2014, a marca de 3 milhões. Isso contrasta com outros setores que ainda sofrem para recuperar os níveis apresentados antes da pandemia ou enfrentam estagnação diante da incerteza do cenário econômico.

Esse bom desempenho, no entanto, não significa que tudo esteja resolvido. A construção civil enfrenta um gargalo silencioso: a escassez de mão de obra qualificada. Em plena expansão, com diversos empreendimentos sendo lançados, faltam profissionais com preparo técnico, o que compromete prazos, eleva custos e pressiona os preços dos imóveis. É uma situação que evidencia um tipo diferente de desemprego, chamado de desalinhamento de competências. Há vagas, mas falta gente preparada para ocupá-las. Um dos setores dentro do mercado imobiliário mais carente para esse tipo de mão de obra especializada é o do alto padrão, nas áreas de acabamento e finalização, que exigem um conhecimento técnico maior.

Empresários experientes do setor, como Adalberto Bueno Netto, fundador do Grupo Bueno Netto, têm buscado soluções para esse descompasso. Em um dos maiores empreendimentos imobiliários de São Paulo, o Parque Global, a construtora de Adalberto firmou parceria com o Senai para formar mão de obra local, inclusive com foco social ao atender moradores da comunidade de Paraisópolis, próxima ao projeto da incorporadora do empresário. Além de ampliar a oferta de trabalhadores qualificados, a estratégia contribui para reduzir os riscos de atrasos e aumentar a qualidade das entregas. “O Brasil está com desemprego zero para quem quer trabalhar”, afirma Adalberto

A ausência de profissionais preparados em volume suficiente tem impacto direto nos preços dos imóveis para os consumidores. A escassez encarece a contratação, eleva os custos operacionais e, consequentemente, pressiona os valores de venda dos imóveis. Em um mercado já afetado pelos juros altos, que dificultam o financiamento para a produção e encarecem o crédito para o comprador, esse cenário aprofunda o desafio de equilibrar oferta, demanda e acessibilidade.

A Câmara Brasileira da Indústria e Construção (CBIC) apresentou nesta semana um raio-x sobre o desempenho da construção civil no 2º trimestre de 2025. Segundo o levantamento, metade das novas contratações no setor foram de jovens entre 18 e 29 anos, e mais de 60% dos admitidos têm ensino médio completo. Esses números ajudam a desconstruir estigmas antigos de que o setor emprega apenas mão de obra não especializada e apresenta como a demanda por especialização segue aquecida.

O retrato da construção civil em 2025 revela um setor que segue crescendo, apesar dos obstáculos. Mas a sustentabilidade desse avanço  depende, cada vez mais, de políticas integradas de crédito, capacitação e planejamento urbano. A iniciativa privada também tem um papel para ajudar nessa equação, como mostra o exemplo do programa de Adalberto Bueno Netto.

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