Nunes reduz resistência de aliados de Bolsonaro para 2026 - 11/08/2025 - Poder

Nunes reduz resistência de aliados de Bolsonaro para 2026 – 11/08/2025 – Poder

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O prefeito de São PauloAssim, Ricardo Nunes (Mdb), vem diminuindo a resistência de bolsonaristas para suceder Tarcísio de Freitas (Republicanos) na disputa pelo governo do estado em 2026.

Com gestos públicos e conversas reservadas, a estratégia de aliados do prefeito é amarrar o apoio de aliados de Jair Bolsonaro (Pl) o quanto antes e evitar o que ocorreu em sua reeleição na capital paulista. Na época, em meio à hesitação em se alinhar ao bolsonarismo, teve de disputar essa fatia do eleitorado contra o influenciador Pablo Marçal (PRTB).

O avanço de Nunes ficou evidente pela forma amigável como ele foi recebido por bolsonaristas na avenida Paulista no último dia 3, durante protesto a favor de Bolsonaro, contra Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e em apoio à anistia para os atos do 8 de Janeiro.

No 7 de Setembro do ano passado, quando Nunes, em campanha, ainda pedia apoio eleitoral do ex-presidente, o prefeito foi a um ato de Bolsonaro, mas nem sequer foi cumprimentado por ele.

Já no evento mais recente, sem a presença de Bolsonaro, impedido de participar por decisão de Moraes, do STF, a recepção no bolsonarismo foi mais calorosa.

Sem a presença de Tarcísio, que marcou um procedimento médico para a mesma data, Nunes foi colocado no ponto mais alto do trio elétrico, ao lado do pastor Silas Malafaia, organizador do ato, com quem conversou diversas vezes. Quando o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi discursar, mandou “um cumprimento especial” a Nunes, “que nunca abandonou o Bolsonaro, sempre (esteve) do nosso lado”.

O deputado federal Pastor Marco Feliciano (PL-SP), que apoiou Marçal contra Nunes no ano passado, disse que passado era passado e elogiou seu trabalho. A fala foi interpretada por Nunes, segundo aliados, como um pedido de desculpas.

Mesmo sem ter falado ao microfone, Nunes recebeu um telefonema de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) durante a semana, em que o deputado agradeceu sua participação no ato.

A aproximação com o bolsonarismo foi facilitada, segundo um aliado, pelo momento de fragilidade do grupo, que, nos bastidores, reconhece ter perdido parte do apoio popular por causa da ligação entre Eduardo e a sobretaxa de 50% a produtos brasileiros nos Estados Unidos, promovida pelo governo Donald Trump.

“O que ocorreu é que aquela era uma pauta suprapartidária, em que todo apoio é bem-vindo”, disse o deputado estadual Lucas Bove (PL), que discursou no ato, ao comentar a recepção dada ao prefeito.

Assim como Tarcísio, que evita discutir com a equipe uma eventual candidatura à Presidência, segundo relatos, Nunes também se esquiva de admitir que trabalha para deixar a prefeitura.

“Falando honestamente com você, minha preocupação hoje é com a cidade”, disse o prefeito à Folha ao tratar do tema. Ele já admitiu, porém, que disputaria o governo se tivesse o apoio de Bolsonaro, em um movimento coordenado com uma candidatura de Tarcísio ao Planalto. O vice de Nunes na prefeitura, Ricardo Mello Araújo (Pl), foi escolhido para esse posto pelo ex-presidente.

Além de harmonia com o bolsonarismo, outra frente de ação do prefeito, de acordo com seus aliados, é sobrepujar nomes que também buscam a indicação de Tarcísio, como o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), André do Prado (PL), que articula sua eventual candidatura a partir de costuras com deputados estaduais e outros prefeitos.

Segundo interlocutores, ao ser questionado sobre Nunes, o deputado afirma que o prefeito tem uma cidade importante para administrar, com muitas entregas a fazer, e que não faria sentido que deixasse o cargo atual.

Nunes tenta driblar a manobra de André se aproximando de outra figura bem-vista por Tarcísio: o ex-governador Rodrigo Garcia (sem partido), nome constante no Palácio dos Bandeirantes e considerado um dos conselheiros do governador, segundo auxiliares.

Essa costura, no entanto, depende de um acordo com o secretário de Governo de Tarcísio, Gilberto Kassab, presidente do PSD, que também cobiça a cadeira de governador.

Nunes tem mostrado a aliados pesquisas em que aparece à frente de outros adversários em sondagens para o governo estadual, na tentativa de unir o grupo. “Vejo o Ricardo Nunes como um nome muito forte para a eleição”, disse Milton Leite (União Brasil), ex-presidente da Câmara Municipal que ainda exerce influência entre políticos da cidade.

O trabalho na prefeitura, por sua vez, vive momento adverso. De um lado, a cidade tem previsão de R$ 16,2 bilhões para investimentos neste ano e já liberou metade dos recursos. Obras com potencial impacto eleitoral, como o VLT (veículo leve sobre trilhos) ao redor do centro velho e a revitalização do Parque Dom Pedro 2º, até o fim do mandato, estão na iminência de começar.

De outro, o prefeito enfrenta dificuldades para controlar a Câmara Municipal e sofreu uma derrota importante: não conseguiu evitar a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que vai investigar a concessão de benefícios imobiliários na cidade.

A gestão vem também adotando medidas que a oposição aponta como gestos ao bolsonarismo, como o cancelamento da FlipeiFesta Literária Pirata das Editoras Independentes, ligada a movimentos de esquerda, na Praça das Artes, no centro —os organizadores buscaram novos espaços para o evento às pressas.

Nunes ainda convive com a sombra de uma investigação sobre sua relação com a “máfia das creches“. Como mostrou a Folhano começo deste ano, ele tentou trancar um inquérito em curso sobre o tema na Polícia Federal, mas foi derrotado no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

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