O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (7), após o encerramento da 17ª Cúpula de Líderes do Bricsque o grupo “não nasceu para afrontar ninguém” e representa um novo modo de fazer política internacionalcom base na solidariedade e no multilateralismo.
“O Brics, que não nasceu para afrontar ninguém, é apenas um outro modelo, um outro modo de fazer política, uma coisa mais solidária”, declarou o presidente a jornalistas, ao final do encontro no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro.
Lula destacou que o grupo não deseja um mundo tutelado e criticou o atual modelo de governança global, citando o papel do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Não é para emprestar dinheiro e levar os países à falência, como o que tem acontecido. O modelo de austeridade que tem sido feito por outros países faz com que a dívida seja impagável cada vez mais”, disse.
Críticas à ONU e ao Conselho de Segurança
O presidente brasileiro também questionou a formação do Conselho de Segurança da ONUque mantém cinco membros permanentes com poder de veto: Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido.
“Nós precisamos ter consciência de que o mundo precisa mudar. Estamos vendo hoje, possivelmente, o maior período de conflito entre os países desde a Segunda Guerra Mundial”, afirmou Lula, citando as guerras no Iraque, na Líbia e na Ucrânia.
Segundo ele, a ONU perdeu credibilidade ao não impedir esses conflitos.
“Depois, a ONU perde credibilidade e autoridade para negociar. Quem é que negocia?”, questionou.
UM declaração final da cúpula do Brics trouxe o apoio de China e Rússia às aspirações do Brasil e da Índia de exercerem um papel mais relevante no Conselho de Segurança. O Brasil já ocupou vagas rotativasmas sem poder de veto.
Críticas a Israel e apoio à Palestina
Lula também voltou a Critam a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, afirmando que o discurso de que se trata de uma guerra contra o Hamas não se sustenta diante das mortes de civis.
“Já passou da capacidade de compreensão de qualquer mortal do planeta Terra dizer que aquilo é uma guerra contra o Hamas, e só se mata inocente, mulheres e crianças”, afirmou.
No domingo, o presidente já havia classificado as ações israelenses como genocídio.
Expansão do bloco e uso de moedas locais
Atualmente, o Brics é formado por 11 países-membros e 10 parceiros. Lula afirmou que o grupo está aberto à entrada de novos paísese brincou dizendo que o bloco é uma “metamorfose ambulante”.
“Não é uma coisa fechada, não é um clube de privilegiados. É um conjunto de países querendo criar outro jeito de organizar o mundo do ponto de vista econômico, do desenvolvimento e da relação humana”, pontuou.
Lula também defendeu avanços no uso de moedas locais nas transações comerciais entre os países do bloco, como alternativa à dependência do dólar americano.
“Ninguém determinou que o dólar é a moeda padrão”, afirmou. “Obviamente que temos toda a responsabilidade de fazer isso com muito cuidado. Os nossos bancos centrais precisam discutir isso com os outros bancos centrais. Mas é uma coisa que não tem volta. Vai acontecendo aos poucos até que seja consolidado.”
*Com informações da Agência Brasil