O humor refinado e a ironia certeira de Luis Fernando Verissimo atravessaram o papel e chegaram à televisão em meados dos anos 1990. Inspirado em seu livro homônimo, o programa “A comédia da vida Privada” foi exibido pela TV Globo entre abril de 1995 e agosto de 1997, na faixa Terça Nobre, às 22h05.
A atração nasceu após o êxito de um especial exibido em 23 de agosto de 1994, que adaptava as crônicas do escritor sobre as relações afetivas e os absurdos da vida cotidiana. O sucesso foi imediato, e no ano seguinte a Globo lançou a série semanal. Guel Arraes e Jorge Furtado assinaram a adaptação e o texto, com colaborações de João Falcão, Pedro Cardoso e Nelson Nadotti.
Nos primeiros episódios, as tramas eram diretamente baseadas nos contos de Verissimo, especialmente do livro homônimo publicado em 1994. Em 1996, outros autores como Adriana Falcão, Alexandre Machado, Fernanda Young, além de Arraes e Furtado, passaram a assinar roteiros originais, mantendo o tom bem-humorado e ácido que fez da série um retrato fiel dos dilemas conjugais, familiares e amorosos.
Sem elenco fixo, “A comédia da vida privada” apostava em histórias curtas, com humor realista e linguagem parecida com a das telenovelas, o que ampliou sua identificação com o público. Casamentos em crise, encontros inesperados entre ex-parceiros no supermercado, vizinhos que revelam segredos pelo lixo: eram situações banais transformadas em crônicas televisivas, com a marca do olhar irônico de Verissimo.
O impacto foi tamanho que a produção colecionou prêmios. Em 1995, levou o Grande Prêmio da Crítica da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). No ano seguinte, foi eleito pela TV Press como o melhor programa de séries e seriados da televisão brasileira. O reconhecimento ultrapassou fronteiras: episódios foram exibidos no Top Television – Munich Film Festival, na Alemanha, e o programa foi vendido para países como França, Canadá, Chile, Eslováquia, Lituânia, República Tcheca, Turquia e Angola.
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