Jornal da Unesp | Podcast Prato do Dia mergulha na TV 3.0

Jornal da Unesp | Podcast Prato do Dia mergulha na TV 3.0

Evangélicos

Marianna Montenegro

No último dia 27 de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto para regulamentar as mudanças tecnológicas que, nos próximos anos, vão reformular a TV aberta no Brasil. Assim como a transição da TV analógica para a digital representou uma nova etapa da comunicação de massa em nosso país, a passagem para a segunda geração da TV digital, que está sendo denominada TV 3.0, promete exercer no futuro próximo um impacto igual, ou talvez maior. Graças às novas tecnologias, a TV aberta irá se aproximar da dinâmica das plataformas de transmissão, porém mantendo conteúdos abertos e gratuitos.

Para explicar de forma didática e pormenorizada os efeitos desta nova etapa, o podcast Prato do Dia, produzido pela Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp, conversou com Francisco de Machado Filho, Diretor da TV Unesp, atual presidente da Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU) e docente da Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (FAAC) da Unesp em Bauru.

A mudança mais óbvia para os telespectadores se dará nos aspectos de som e imagem, que vão ganhar em qualidade. Porém, para as empresas, uma importante inovação diz respeito à publicidade. Em vez de se limitarem a comercializar anúncios generalistas de alta abrangência geográfica – destinados, por exemplo, a uma cidade inteira, um estado ou mesmo o país como um todo – companhias do setor poderão segmentar a exibição das peças para telespectadores individuais. Isso permitirá disputar espaço com as plataformas digitais, que hoje recebem a maior parte do orçamento destinado à publicidade do país.

A TV com que estamos acostumados será uma coisa do passado. Ao invés dos canais para zapear, o telespectador poderá optar entre 40 ícones de aplicativos das emissoras, numa experiência semelhante aos atuais serviços de transmissão e dos dispositivos móveis. Essa estrutura tornará o acesso à internet algo fundamental, pois muitos conteúdos disponibilizados necessitarão de conexão com a rede. A interatividade vai ganhar força, abrindo possibilidades para que o telespectador participe dos programas, e também para a realização de vídeochamadas com outros usuários para assistir a jogos e filmes. “As empresas de TV buscam individualizar a experiência, para que seja possível a venda de comerciais personalizados. Mas, ao mesmo tempo, haverá ferramentas do que está sendo chamado de  uma televisão social”, explica o docente. O governo garante que a programação fixa continuará a ser oferecida no sistema offline. “Vai ser um sistema muito mais fluido do que o atual, com a possibilidade de escolher conteúdo e personalizar a programação”, resume Machado.

O docente diz que o aspecto da acessibilidade também será aperfeiçoado de forma expressiva. “Com a TV 3.0, será possível ativar legendas e idiomas personalizados, além de avatares para libras”, diz. A entrega de conteúdo de acordo com a classificação indicativa será muito mais rígida: cada membro da família vai dispor de um login próprio, contendo informações como seu CPF, CEP e idade. A regulamentação, porém, continuará a seguir as determinações voltadas para a radiodifusão. Isso inclui a legislação atual que regula publicidade.  “Será o mesmo modelo (de publicidade da internet), o mesmo sistema, mas quem vai gerir essa publicidade é a televisão, é a radiodifusão, seguindo a regulamentação do CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária)”, explica o diretor da TV Unesp.

A implementação completa de todos estes recursos vai exigir um tempo estimado entre 10 e 15 anos. E o real alcance do salto tecnológico que vem por aí não pode ser avaliado de antemão. Machado comenta que a tecnologia vai alterar todo o universo televisivo, abrangendo desde a estrutura dos programas até o comportamento dos telespectadores. “E haverá, também, o aspecto dos efeitos da inteligência artificial. Só posteriormente vamos conhecer, de forma integral, quais serão os impactos concretos”, diz.

Ouça a íntegra do podcast Prato do Dia clicando abaixo.

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