Ministro da Fazenda destacou conquistas econômicas no Conselhão e disse que ‘boas notícias’ estão sendo ofuscadas pelo cenário político
Durante participação na 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Conselhão), nesta terça-feira (5), o ministro da Fazenda, Fernando Haddadafirmou que o governo federal espera que a inflação deste ano fique abaixo de 5%. O evento foi realizado no Palácio do Itamaraty, em Brasília. “A inflação está caindo e deve fechar esse ano abaixo de 5%. Essa é a nossa expectativa”, disse Haddad em discurso aos conselheiros, ressaltando que os avanços da economia estariam sendo “obscurecidos” pelo ambiente político.
Segundo o ministro, é preciso reconhecer conquistas recentes, como a saída do Brasil do Mapa da Fome, a aprovação da reforma tributária e a taxa mínima histórica de desemprego. “Tem muita notícia boa que ficam obscurecidas na esfera da política. Muitas vezes esquecemos de celebrar as conquistas”, completou.

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Números oficiais ainda indicam estouro da meta
Apesar da projeção otimista do ministro, os números mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a inflação oficial do país ainda está acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulou alta de 5,35% nos doze meses encerrados em junho.
Esse patamar representa o sexto mês consecutivo acima do teto da meta contínua, que é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual — ou seja, a meta só é considerada cumprida se o índice ficar entre 1,5% e 4,5%.
Nova regra de metas exige justificativa do BC
Com a adoção do novo regime de metas contínuas, o Banco Central precisa justificar publicamente sempre que a inflação ultrapassa o intervalo por seis meses consecutivos. Foi o que ocorreu no início deste ano, quando o presidente da instituição, Gabriel Galípolo, enviou carta explicando o estouro da meta de 2024, que fechou com inflação de 4,83%.
Selic mantida em 15% para conter alta de preços
Para tentar controlar a inflação, o Banco Central vem mantendo a taxa básica de juros (Selic) em patamares elevados. Desde setembro de 2024, os juros vêm subindo, e atualmente a taxa está fixada em 15% ao ano, conforme decisão mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), tomada no fim de julho.
Energia elétrica pressiona índice
Entre os principais fatores que pressionam a inflação está o aumento da conta de luz. Com a bandeira tarifária vermelha em vigor no mês de junho, a energia elétrica residencial teve alta de 2,96%, tornando-se o item de maior impacto no IPCA do mês. No acumulado de 2025, a conta de luz já subiu 6,93%, a maior variação para o primeiro semestre desde 2018.
Inflação de junho desacelera, mas segue alta no ano
O IPCA registrou alta de 0,24% em junho, uma desaceleração em relação a maio, quando havia subido 0,26%. No acumulado de 2025, o índice já chega a 2,99%. Ainda que o governo projete uma reversão no segundo semestre, analistas avaliam que os próximos meses dependerão da política monetária e de possíveis choques externos.
A previsão de Haddad, portanto, marca uma expectativa otimista, mas ainda depende de fatores como a manutenção do controle fiscal, o comportamento dos preços administrados e a resposta dos mercados à política monetária vigente.