A vitória contra a Alemanha na finalíssima, no México, recolocou a equipe no topo do mundo do futebol
Dezesseis anos depois da final de 1970, entre Brasil e Itália, o mesmo Estádio Azteca estava lotado, com 115 mil torcedores, para uma decisão de Copa. O título ficaria com a América do Sul. Os mexicanos, eliminados pelos alemães, tinham preferência pela Argentina. Pela segunda final seguida, a Fifa escolheu um árbitro brasileiro para trabalhar na última partida: Romualdo Arppi Filho. Em 1982, na Espanha, tinha sido Arnaldo César Coelho.
Brown abriu o placar aos 23 do primeiro tempo. O goleiro Harald Schumacher saiu mal, depois de um cruzamento da direita, e o jogador argentino marcou de cabeça. Valdano fez o segundo aos 10 minutos da etapa final. No entanto, o jogo que parecia fácil se complicou. Rummenigge diminuiu aos 29 minutos e Völler empatou aos 35. Mas a genialidade de Maradona falou mais alto. Aos 38, Diego colocou Burruchaga na cara do gol alemão. Ele chutou rasteiro no canto direito de Schumacher: 3 a 2.
ARGENTINA 3 × 2 ALEMANHA – Cidade do México – 29.06.86
Argentina: Pompido; Brown, Cuciuffo, Ruggeri e Olarticoechea; Giusti, Batista, Maradona e Enrique; Burruchaga (Trobbiani) e Valdano.
Alemanha: Schumacher; Jakobs, Berthold, Förster e Briegel;
Matthew, Brehme, Magath (Honess) e Eder; Rummenigge e alofs (Völler).
Árbitro: Romualdo Arppi Filho (Brasil).
Gols: Brown (23) no primeiro tempo. Valdano (10), Rummenigge (29), Völler (35) e Burruchaga (38) na etapa final.
““Argentina leva susto, mas ganha a Copa”. Foi esse o título do dia seguinte da edição da Folha de S.Paulo. O presidente da Fifa, o brasileiro João Havelange, entregou o troféu de campeão ao presidente do México, Miguel de la Madrid, que o repassou a Maradona, capitão da equipe argentina, considerado o melhor jogador da Copa.
O primeiro-ministro da Alemanha Ocidental, Helmut Kohl, assistiu ao jogo da tribuna de honra e cumprimentou as duas equipes. Maradona não marcou gol na decisão, mas conquistou o Mundial praticamente sozinho. Depois da vitória, foi humilde com os companheiros: “Eu me sinto campeão do mundo, não o jogador mais brilhante do planeta. Todos nós tínhamos ânsia de glória. Joguei tranquilo e fui marcado limpamente. Infelizmente para a Alemanha, ela se descuidou de outros companheiros e essa foi a chave da vitória. ”
Maradona dedicou o resultado a todas as crianças do mundo. Já o treinador argentino evitou responder aos críticos: “O técnico da equipe campeã, Carlos Salvador Bilardo, que antes da Copa fora duramente criticado por jornalistas, torcida, atletas e políticos de seu país, disse que ‘nunca me interessaram as críticas; os jornalistas não me molestaram com seus comentários adversos”, destacou a Folha de S.Paulo. A Argentina foi a primeira seleção a conquistar duas vezes a taça Copa do Mundo, que substituiu a Jules Rimet, a partir de 1974.
Em Buenos Airesuma multidão tomou as ruas do centro da cidade para comemorar o segundo título mundial da Argentina (1978-1986). No bairro de Vila Devoto, torcedores se aglomeraram em frente à casa da família de Maradona. O presidente argentino, Raúl Alfonsín, fez um pronunciamento em cadeia de rádio e TV para parabenizar os jogadores.
Ouça os gols da final da Copa de 1986 com a narração de José Silvério.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.