Com clássicos e energia punk, banda americana misturou nostalgia e discurso político em apresentação marcada por ataques a extremistas e homenagem ao Brasil
O Dia Verde transformou o segundo dia do festival A cidadeneste domingo (7), em São Paulo, em uma celebração que misturou nostalgia, energia punk e críticas políticas afiadas. A banda liderada por Billie Joe Armstrong ficou quase duas horas no palco Skyline —o oposto da breve apresentação de Travis Scott no dia anterior—, empilhando sucessos e interações constantes com a plateia.
O show começou em tom épico, com trechos de RainhaRamones e até da Marcha Imperial de Guerra nas Estrelasantes da explosão de “American Idiot”. A icônica imagem da mão segurando uma granada em forma de coração dominava o fundo do palco, reforçando a identidade política do grupo. Armstrong atualizou a letra do hit para trocar a crítica aos “rednecks” pela rejeição à “agenda MAGA”, em referência ao slogan de Donald Trump.
O discurso seguiu afiado em outros momentos. Em “Holiday”, o vocalista substituiu “Califórnia” por “São Paulo” no trecho em que ironiza o “representante local”. Mais adiante, após “Letterbomb”, atacou políticos corruptos: “Nós já estamos cheios desses bastardos fascistas. Não nesta noite, não no Dia da Independência”, disse, em menção à data nacional brasileira. Também desejou diversas vezes um feliz 7 de Setembro ao público.
Apesar da carga política, o show foi também uma celebração da carreira. Canções de Dookie (1994), como “Basket Case”, “Longview” e “When I Come Around”, empolgaram os fãs, assim como músicas recentes, a exemplo de “Dilemma” e “Bobby Sox”, do álbum Salvador. Entre os pontos altos, Armstrong chamou uma fã ao palco para cantar “Know Your Enemy”, gesto que reforçou a atmosfera de proximidade com a plateia.
Carismático, o vocalista ergueu bandeiras do Brasil jogadas pela multidão, incentivou o público a cantar em coro e pediu união: “Hoje estamos bebendo, fumando, dançando e cantando junto com estranhos”. A apresentação terminou em clima festivo, com chuva de confetes verde e amarelos e a balada “Good Riddance (Time of Your Life)”, cantada apenas com violão, enquanto Dirnt e Tré Cool brincavam no palco.

Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp!
Com quase 40 anos de estrada, o Green Day mostrou que continua a entregar não apenas um repertório cheio de clássicos, mas também uma postura política provocativa —marca de uma banda que ainda transforma seus shows em espetáculo musical e manifesto.
Publicado por Felipe Dantas
*Reportagem produzida com auxílio de IA