Casa Civil pediu para PT e liderança do governo orientarem contra benefício a servidores da saúde, mas deputados seguiram apelo popular
Aliados do ministro da Fazenda, Fernando Haddade integrantes do governo preocupados com o fechamento das contas no ano que vem temem que a junção de duas derrotas para o governo possa levar a um rombo fiscal em 2026, inviabilizando a meta de superávit primário, traçada em 0,25% do Começar. Lideranças do governo no Congresso afirmam que Lula está com uma base cada vez menor, fragilizada, e Centrão quer aproveitar o “trem da alegria” para ampliar gastos.
Caso a medida provisória que aumenta a cobrança de impostos sobre aplicações financeiras seja rejeitada, o prejuízo pode chegar a R$ 30 bilhões no próximo ano, de acordo com governistas. Isso porque, além de não arrecadar cerca de R$20 bilhões, como previsto na proposta original, o texto também prevê uma série de economias que o governo teria ao deixar de bancar descontos tributários.
A MP que taxa as aplicações financeiras foi aprovada ontem em comissão especial, por uma margem apertada de votos. O texto segue para o plenário da Câmara hoje e precisa ter a votação finalizada no Senado até o fim da noite, quando vence a medida provisória. Deputados estimam que faltam ao menos 50 votos para o governo conseguir aprovar a MP na Câmara.
Para tentar avançar com o texto, a estratégia das lideranças do governo será cobrar setores beneficiados com concessões, como a bancada do agronegócio, para votarem favoravelmente. Na terça-feira, o governo cedeu a pressão dos parlamentares ligados do setor e manteve a isenção do Imposto de Renda sobre as LCAs, Letras de Crédito do Agronegócio, uma modalidade de investimento. Para o governo, não há mais mudanças no texto a serem feitas.
Governistas identificam ainda uma movimentação de partidos de centro para aproveitar a fragilidade da base governista e aprovar pautas que geram ainda mais gasto ao Executivo. Nesta terça-feira, a Câmara dos Deputados aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição que garante a aposentaria integral para agentes de saúde em todo o país. Líderes estimam que o benefício possa levar a gastos muito acima do planejado em 2026.

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De acordo com aliados de Haddad e do ministro da Casa Civil, Rui Costao Planalto pediu para que as lideranças do PT e do governo orientassem o voto contra a PEC, justamente pelo prejuízo fiscal que poderá causar. Mas deputados da esquerda avaliaram que não teria como ir contra uma proposta popular, de benefício a agentes de saúde.
Governistas avaliam que o próprio PT erra ao “jogar para galera” e focar apenas em discursos para as redes sociais, com apelo popular, sem preocupação com a responsabilidade fiscal.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.