Jerome Powell avaliou que o impacto das novas políticas comerciais não parece ser grande até o momento, ressaltando que o trabalho do BC dos EUA é garantir que o efeito de alta nos preços seja único e temporário
O presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central Norte-Americano)Assim, Jerome Powell, afirmou, em evento da Câmara de Comércio da região metropolitana de Providence nesta terça-feira (23), que a cautela do BC dos EUA em retomar cortes de juros considerava temores de que a inflação americana não estivesse sob controle, antes do enfraquecimento do emprego alterar a balança de riscos. “Não queríamos cortar cedo demais e arriscar provocar novo aumento da inflação”, disse.
Os riscos voltados ao emprego incentivaram o BC norte-americano a reaproximar a política monetária de uma instância mais neutra, mas os dirigentes continuam atentos a possível persistência da inflação em nível elevado, ponderou Powell. O presidente do Fed notou que os preços voltaram a subir recentemente nos EUA e projetou que a inflação de gastos com consumo (PCE, em inglês) avançou 2,7% na taxa anual de agosto, com alta de 2,9% no núcleo. Sobre a economia em geral, Powell apontou que os gastos com consumo desaceleraram e que o setor imobiliário continua fraco, mas lembrou que o banco central não é o responsável por definir taxas de hipoteca.

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Powell avaliou que o impacto das novas políticas comerciais não parece ser grande até o momento, ressaltando que o trabalho do Fed é garantir que o efeito de alta nos preços seja único e temporário, mesmo que demorem a aparecer na cadeia de oferta. Segundo ele, o BC dos EUA “nunca, jamais,” considerou consequências políticas ao tomar decisões de política monetária. “Muitas pessoas não acreditam em nós e dizem que estamos tomando decisões políticas, mas é só um golpe baixo”, disse, ao ser questionado.
Powell vem enfrentando pressão política nos últimos meses pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para reduzir as taxas de juros norte-americanas em ritmo mais rápido, gerando preocupações sobre a independência do banco central. No evento, Powell frisou que as políticas que “verdadeiramente importam” para a economia americana no longo prazo não dependem ou estão sob controle do Federal Reserve, e sim de iniciativas do Congresso e do setor privado, como atração de investimentos.
O presidente do BC norte-americano ressaltou que as decisões monetárias consideram múltiplos cenários da economia e que ninguém é capaz de prever com precisão os desdobramentos futuros “para além de alguns meses”. “Precisamos considerar os dados sobre a situação atual e as projeções disponíveis para compreender para onde a economia caminha”, pontuou.
Antes da sessão de perguntas e respostas, Powell já havia sinalizado resistência à pressão política em discurso preparado para o evento. “Nas democracias ao redor do mundo, a confiança pública nas instituições econômicas e políticas tem sido desafiada. Aqueles de nós no serviço público precisam se concentrar em cumprir nossas missões críticas dentro nas nossas capacidades”, afirmou.
*Com informações do Estadão Conteúdo