Fachin defende STF, mas afasta protagonismo político da Corte

Fachin defende STF, mas afasta protagonismo político da Corte

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Novo presidente do Supremo diz que um Judiciário submisso, “mesmo que ao populismo”, perde a sua credibilidade

O ministro Edson Fachin assumiu nesta 2ª feira (29.set.2025) a presidência do STF (Supremo Tribunal Federal). Fez um discurso em defesa da independência judicial, mas sinalizou que o Tribunal terá uma atuação mais contida. Defendeu racionalidade, equilíbrio e colegialidade. Afastou a ideia de que o Supremo precisa exercer o protagonismo no cenário político.

“A independência judicial não é um privilégio, e sim uma condição republicana. Um Judiciário submisso, seja a quem for, mesmo que ao populismo, perde sua credibilidade. A prestação jurisdicional não é espetáculo, exige contenção”disse Fachin, reforçando sua imagem de magistrado mais discreto. Ele enfatizou que pretende reforçar a colegialidade e a diversidade de visões internas.

A posse se dá em um momento em que a Corte é muito criticada por algumas alas do Congresso. Políticos de oposição afirmam que o Supremo invade as competências do Legislativo. Há também uma pressão vinda do exterior. Dos 11 ministros, 8 perderam seus vistos dos EUA. O governo de Donald Trump (Partido Republicano) também aplicou a Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes e sua mulher, a advogada Viviane Barci de Moraes. Políticos republicanos dizem que Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos de prisão, é vítima de uma “perseguição”.

Fachin fez um desagravo a Moraes, agora vice-presidente do STF. “Merece nossa saudação e nossa solidariedade, e sempre a receberá”disse Fachin sobre o ministro, a quem chamou de “amigo e juiz como fortaleza”.

O novo presidente do Supremo citou ainda a importância da separação entre os Poderes. “Nosso compromisso é com a Constituição. Ao Direito, o que é do Direito. À Política, o que é da Política”afirmou. O STF recebeu críticas de que teria extrapolado sua função nos últimos anos, sobretudo depois dos julgamentos relacionados aos atos do 8 de Janeiro.

Assista ao discurso de Fachin (55min30s):

https://www.youtube.com/watch?v=cqwzi_kzpja

A cerimônia também teve discursos de apoio. Em nome da Corte, a ministra Cármen Lúcia falou sobre o perfil de Fachin, que classificou como “equilibrado” e fiel ao direito constitucional. Para ela, a posse ganha “tom mais forte” diante do cenário nacional e internacional.

Luís Roberto Barroso, que transmitiu o cargo, descreveu o sucessor como “uma bênção para o país” em tempos de polarização. “É um mundo dividido. Ter uma pessoa como Vossa Excelência conduzindo o Supremo com o encargo de manter as luzes acesas nesses tempos em que, de vez em quando, aparece a escuridão, é um privilégio”afirmou.

Direitos autorais

Sérgio Lima/Poder360 – 29.set.2025

Barroso abraça Fachin ao transmitir o cargo

FACHIN À FRENTE DO STF

As primeiras sessões sob o comando de Fachin já têm temas definidos. Para 1º de outubro, o ministro pautou o julgamento sobre a chamada “uberização” do trabalho. O Supremo decidirá se há vínculo empregatício entre motoristas de aplicativos e plataformas digitais. O processo tem repercussão geral reconhecidao que significa que a decisão servirá de referência obrigatória para todas as instâncias da Justiça no país.

Arte: Principais julgamentos concluídos na gestão Barroso.

MINISTRO DISCRETO

O novo presidente tem perfil oposto ao de Barroso, conhecido por ser ““mais sociável e festeiro”.

A tendência é Fachin seguir a linha de Rosa Weber, de apego à institucionalidade. Nomeado em 2015 pela presidente Dilma Rousseff (PT), para a vaga de Joaquim Barbosa, Fachin manteve a discrição ao assumir a relatoria da Lava Jato, depois da morte de Teori Zavascki (1948-2017).

Aos 67 anos, Fachin deve se aposentar em 2033, quando completará 75 anos, idade-limite para ministros do STF fixada pela Constituição. Se permanecer no Supremo até lá, terá um dos mandatos mais longos entre os atuais integrantes da Corte.

Imagem: Quem é Edson Fachin, o novo Presidente do STF.



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