Falta de leitos, obras em Belém e papel do agro foram temas da entrevista, na estreia do programa Tempo Real, na grade da emissora
Na estreia do programa Tempo Realda Jovem Pan, o presidente da COP30embaixador André Corrêa do Lagoconcedeu uma entrevista exclusiva. A menos de quatro meses da Conferência do Clima das Nações Unidas, que será realizada pela primeira vez na Amazônia, em Belém do Pará, o diplomata falou sobre o que o Brasil tem a ganhar — e a entregar.
Expectativa global e hora da ação
Corrêa do Lago deixou claro: a COP30 não será apenas simbólica. Ao completar 10 anos do Acordo de Paris, a conferência deve marcar uma transição da negociação para a implementação. “Já temos um mandato global para avançar. Agora é hora de fazer”, disse. A pressão internacional é grande, especialmente após críticas às COPs anteriores, que, embora recheadas de metas no papel, deixaram lacunas na prática.

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Belém em obras — e sob pressão
A escolha de Belém carrega um peso ambiental e geopolítico. A cidade virou um verdadeiro canteiro de obras — com infraestrutura sendo acelerada às pressas. Segundo o embaixador, isso trará um legado para a população local. Mas ele reconheceu que há preocupação com os prazos e, principalmente, com a rede hoteleira. “A questão dos leitos é crítica. Os preços subiram muito, e isso pode afastar não só delegações oficiais, mas também sociedade civil, empresários, cientistas. A COP precisa ser acessível.”
O Agro como protagonista climático
Num aceno direto ao setor rural, Corrêa do Lago enfatizou que o agronegócio será um dos protagonistas da COP30. Ele destacou o potencial da agricultura brasileira para capturar CO₂, recuperar florestas e inovar com soluções tecnológicas. “Vamos mudar a percepção sobre o agro. Ele não é o vilão. Ele pode ser parte da solução.” A fala reforça o discurso de que meio ambiente e economia não apenas podem, mas devem andar juntos.
Nova narrativa de desenvolvimento para o Brasil
A COP30 também é vista como uma oportunidade para o país se reposicionar internacionalmente. Com uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, experiência em biocombustíveis e avanço em tecnologias sustentáveis, o Brasil tem os elementos para propor um novo modelo de crescimento. “Essa agenda favorece o Brasil. Podemos crescer mais, gerar empregos e atender à nova demanda global por produtos sustentáveis”, afirmou o presidente da COP30.
Sociedade civil e a ideia do “mutirão global”
Ao ser questionado sobre a baixa percepção da população paraense em relação ao evento, Corrêa do Lago apresentou uma proposta que está ganhando repercussão: a criação de um grande “mutirão global”. Um esforço coletivo, onde cada cidadão — do Brasil e do mundo — tem papel ativo no enfrentamento da crise climática. “Mutirão é uma palavra que não existe lá fora, mas já começou a pegar. A ideia é simples: todo mundo pode fazer algo. A COP precisa melhorar a vida das pessoas, não piorar”, disse.
A entrevista serviu como um termômetro do que esperar da COP30 — e dos desafios que o Brasil ainda precisa superar. A conferência não é apenas uma vitrine. É um teste de capacidade, planejamento, inclusão e comunicação. E pode, sim, reposicionar o país como líder climático e estratégico num mundo em busca de soluções reais. A cobertura da Jovem Pan segue até novembro, com presença em Belém e conteúdo especial multiplataforma. Confira a entrevista na íntegra:
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.