O governo dos Estados Unidos deu início a uma operação de deportação em massa a partir da nova instalação de detenção conhecida como “Alcatraz dos Jacarés”, localizada em um antigo aeroporto militar isolado no sul da Flórida, confirmou nesta sexta-feira (25) o governador do estado, Ron DeSantis. As primeiras remoções de imigrantes ocorreram poucos dias após a chegada dos primeiros detentos ao centro, que foi inaugurado oficialmente no início do mês com a presença do presidente Donald Trump.
Segundo apurado pelo Brazilian Press, os voos são coordenados pelo Departamento de Segurança Interna (DHS) e utilizam a longa pista de pouso do local — com mais de 3 quilômetros — para embarcar rapidamente dezenas de imigrantes considerados ilegais ou com antecedentes criminais. A proximidade geográfica com países da América Latina e o acesso direto a rotas aéreas internacionais tornam a estrutura estratégica para o aumento no ritmo das deportações.
“Levantamos o Alcatraz dos Jacarés em apenas oito dias como uma instalação centralizada para operações de deportação. Esses voos já estão em andamento, e vamos intensificar o número de saídas semanais”, afirmou DeSantis durante coletiva no Palácio do Governador, destacando o papel da nova prisão como símbolo da postura “rígida e eficiente” do governo frente à imigração irregular.
A instalação, montada sobre um terreno pantanoso a cerca de 60 km de Miami, ocupa um antigo campo de treinamento de pilotos e foi adaptada com estruturas temporárias, como contêineres e tendas, capazes de abrigar até 5 mil pessoas. Os detentos ficam em celas cercadas por alambrados, com beliches dispostos em fileiras, sob vigilância de cerca de 100 agentes da Guarda Nacional da Flórida.
O ambiente hostil da região — lar de aproximadamente 200 mil jacarés, além de crocodilos-americanos e cobras venenosas — foi destacado pelas autoridades como um fator dissuasivo natural contra fugas. “A natureza já cuida de parte da segurança”, disse um oficial do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) sob condição de anonimato.
Apesar da justificativa de segurança, especialistas em direitos humanos já manifestaram preocupação com as condições do local. O custo diário por detento é estimado em US$ 247 — 54% mais caro do que o gasto médio em centros tradicionais de detenção. Com isso, o custo anual da operação pode chegar a US$ 450 milhões (R$ 2,4 bilhões), um valor que tem gerado debates no Congresso.
O DHS divulgou nas últimas horas um vídeo mostrando imigrantes sendo conduzidos a aviões com a legenda: “Embarcando agora: aliens criminosos e ilegais. Próxima parada: qualquer lugar, menos aqui.” O termo “alien”, comumente usado pelo governo para se referir a estrangeiros fora da legalidade, voltou ao centro da polêmica. O vídeo não especifica onde foi gravado, mas fontes do Brazilian Press indicam que algumas cenas foram filmadas na pista adjacente à nova prisão.
A escolha do nome “Alcatraz dos Jacarés” — uma alusão à famosa prisão de Alcatraz, na Califórnia — foi acompanhada de uma campanha de comunicação agressiva. A Casa Branca publicou imagens de jacarés com chapéus do ICE nas redes sociais, e o partido republicano já comercializa camisetas e adesivos com o animal como símbolo da política migratória.
Enquanto o governo celebra a nova estrutura como um marco na execução da lei, organizações como a Anistia Internacional e o ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis) pedem uma investigação imediata sobre as condições de detenção e os direitos dos imigrantes presos. “Isolar pessoas em um pântano cercado por répteis não é segurança. É crueldade calculada”, afirmou em nota a diretora da Anistia nos EUA.
O Brazilian Press continua acompanhando o caso e buscará contato com o DHS e o ICE para obter mais detalhes sobre os critérios de seleção dos deportados e os destinos dos voos já realizados.