Petista classificou a decisão do governo americano como ‘abrupta’, mas pediu para Donald Trump ‘sentar à mesa e tentar resolver’; ele voltou a responsabilizar família Bolsonaro pelas medidas da Casa Branca
Em meio à iminente entrada em vigor da avaliar de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a medida e defendeu a busca por uma solução negociada entre os dois países. A cobrança começa a valer na próxima quinta-feira (1º), conforme confirmou o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. Durante a inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açu (RJ), nesta segunda-feira (28), Lula classificou a decisão do governo americano como “abrupta” e apelou para o diálogo.
“Espero que o presidente dos EUA reflita sobre a importância do Brasil e resolva fazer aquilo que, num mundo civilizado, a gente faz: tem divergência? Senta à mesa e tenta resolver, e não tomar decisões unilaterais que penalizam o Brasil”, afirmou. O presidente brasileiro também responsabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pela atual crise comercial. Sem citar nomes diretamente, Lula disse que “isso é coisa do ‘filho do coisa’ e ‘do coisa’”, referindo-se aos dois políticos.
Segundo o governo brasileiro, a sobretaxa anunciada por Donald Trump no início de julho desrespeita boas práticas comerciais e compromete a relação bilateral. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB), lidera as tentativas de negociação, mas até agora não houve avanços significativos. “Conversamos com o secretário de Comércio americano por 50 minutos, colocamos todos os pontos. Lula orientou que não haja contaminação política ou ideológica”, afirmou Alckmin.
Apesar do prazo apertado, autoridades brasileiras ainda tentam evitar a entrada em vigor da medida. Uma comitiva de oito senadores está em Washington para reuniões com parlamentares e empresários americanos. Já o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está em Nova York e pode ir à capital americana caso haja sinalização do governo Trump para o diálogo. Embora tenha confirmado que a cobrança começa no dia 1º de agosto, o secretário Howard Lutnick afirmou à Fox News que ainda é possível negociar com a Casa Branca. “O presidente Trump está sempre disposto a ouvir. Se conseguirão agradá-lo, é outra história”, declarou.
Lula reforçou que o Brasil está aberto a conversas e não deseja confronto. “Não temos contencioso com ninguém. A gente não quer briga, a gente quer fazer comércio”, disse. O presidente também destacou que, desde o início de seu terceiro mandato, o país abriu 398 mercados para produtos brasileiros e pretende alcançar 400 nos próximos meses.
Soberania mineral e críticas à direita
Durante o mesmo discurso, Lula afirmou que determinou um levantamento sobre o potencial mineral brasileiro. Segundo ele, apenas 30% do subsolo nacional foi mapeado, e os chamados “minerais críticos” despertaram interesse estrangeiro, especialmente dos EUA. “Se eu nem conheço esse mineral e ele já é considerado crítico, eu vou pegar para mim. Por que deixar para outro?”, questionou o presidente.
Ele defendeu que a exploração desses recursos ocorra sob controle estatal, com autorização do governo e sem possibilidade de venda das áreas antes de negociação com a União. Lula também ironizou o discurso de setores da direita brasileira que, segundo ele, adotam posturas subservientes aos Estados Unidos. “Faziam campanha com ‘Brasil acima de tudo’, mas agora é ‘Brasil acima de tudo, mas antes os EUA’. É falta de vergonha, de caráter e de patriotismo”, declarou.

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A postura do presidente tem sido interpretada como uma tentativa de manter firmeza na defesa dos interesses nacionais sem romper os canais diplomáticos. Aliados próximos afirmam que ele pretende manter um tom “irredutível” na defesa da soberania, mas segue aberto a negociações para evitar prejuízos econômicos ao país. Já os opositores avaliam que o petista não fez esforços para impedir o tarifaço e ainda o agravou com suas falas consideradas “desrespeitosas” a Trump.
Publicado por Felipe Dantas
*Reportagem produzida com auxílio de IA