Vizinha ao novo negócio de um dos principais personagens envolvidos no esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSSa Associação Nacional de Servidores Públicos da Previdência e da Seguridade Social (Anasps) também é acusada de realizar débitos não autorizados nos contracheques dos aposentados.
A entidade funciona ao lado da Amigo Center, empresa criada recentemente por Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”apontado pela Polícia Federal como lobista e operador do escândalo que surrupiou bilhões de reais das contas dos aposentados.
A Amigos Center, que fica em Brasília, a dois quilômetros do edifício-sede do instituto, vai começar a funcionar no próximo mês e mira justamente aposentados e pensionistas, como mostra uma reportagem de VEJA publicada na edição impressa desta semana.
Muito embora não esteja citada na lista de 11 entidades que estão sob investigação, a Anasps é alvo de processos na Justiça, movidos por aposentados que se sentiram lesados por cobranças indevidas de mensalidades.
A autora de uma dessas ações é Maria da Conceição Ramos, aposentada de 90 anos. Ex-técnica do instituto, ela descobriu que sofreu descontos não autorizados em sua pensão nos últimos cinco anos.
“Ela jamais se associou à referida associação, da qual sequer sabia da existência, muito menos autorizou os descontos, que estão prejudicando a sua subsistência, visto que está tolhendo, indevidamente, os parcos rendimentos de aposentadoria que recebe, para manter a si, pessoa idosa, e a sua família, visto que alguns filhos residem com ela”, diz um trecho da petição apresentada à Justiça pelo advogado Rafael Tizei.
Além da Anasps, a aposentada acusa outras três associações de efetuar débitos não autorizados em seus contracheques. Ela afirma não ser associada a nenhuma delas.
A defesa da aposentada estima que os descontos somaram 10.000 reais nesse período. O advogado disse que só a Anasps foi responsável por realizar 60 descontos na aposentadoria da ex-funcionária do INSS, totalizando 2.300 reais.
Com a ação, ela exige não só a suspensão dos débitos, como também que o instituto devolva os valores arrecadados de maneira ilegal. “Como foi veiculado nacionalmente, a autarquia demandada foi conivente com os descontos indevidos, colaborando com a ocorrência da fraude, ainda que jamais tenha havido qualquer solicitação da Autora nesse sentido”, diz a defesa. Procurada, a Anasps informou não ter conhecimento de qualquer reclamação sobre descontos ilegais.