Em Jaboatão, ocupação do MTST completa um mês e pede doações para cozinha

Em Jaboatão, ocupação do MTST completa um mês e pede doações para cozinha

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Há um mês, no dia 5 de setembro, quase 300 famílias sem-teto montaram um acampamento em um terreno no bairro de Zumbi do Pacheco, em Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana do Recife. A área estava abandonada há quase 30 anos, sendo alvo de disputa judicial entre o antigo proprietário privado e o poder público municipal. Relatos da vizinhança dão conta de que o local estava sendo usado para desmanche de carros e motos, e causava insegurança, especialmente para as mulheres.

A área de três mil metros quadrados já havia sido ocupada, meses atrás, por um grupo de moradores, que acabaram sendo despejados. Desta vez a ocupação se deu sob a bandeira organizadora do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Agora as famílias retornam para dizer que esse terreno não é do dono A ou B. O dono é o povo”, afirma Vitória Genuíno, pernambucana e integrante da direção nacional do MTST. Em conversa com o Brasil de Fatoela conta que a maioria dos ocupantes são mulheres e mães das redondezas, em situação de pobreza e com dificuldades de pagar aluguel.

A dirigente política lembra que parte considerável da população de Jaboatão vive em situação de pobreza. “Fomos chamados à luta pelas famílias daquele território e encontramos uma situação de vulnerabilidade muito grande. Sempre lidamos com a questão da falta de documentos básicos entre as famílias sem teto, mas em Jaboatão encontramos uma situação ainda pior. As famílias não têm casa, nem documento e não conseguem acessar políticas públicas como o Bolsa Família”, explica Genuíno.

A cerca de dois quilômetros da ocupação fica o Jardim Monte Verde, localidade mais atingida pelos deslizamentos de terra durante o inverno de 2022, com 47 mortes só no local.

A cozinha solidária cumpre papel fundamental na manutenção da ocupação | Paloma Luna / MTST

Batizada de Brasil Soberano, em referência ao contexto de disputa geopolítica no qual o país foi envolvido, a ocupação urbana montou uma cozinha solidária no local, a partir de onde tem distribuído refeições aos ocupantes e a vizinhos. “Isso nos ajuda no diálogo com a comunidade, a mobilizar e politizar o debate da moradia e da alimentação”, explica a dirigente dos Sem Teto. Ela garante que a comunidade está se relacionando bem com a ocupação. “Fomos procurados por um comerciante da área que disse que a ocupação trouxe vida e movimento para o território”, conta Vitória.

Genuíno afirma que a cozinha cumpre papel central na luta por moradia, mas depende de doações. “Essas famílias não têm fogão ou geladeira, então muita gente depende dessa cozinha. Como dependemos de doações, a situação é difícil. Precisamos de alimentos e doações financeiras para fazermos a feira que abastece a cozinha”, diz ela. Para informações de como ajudar, é possível acessar a rede social do MTST Pernambuco.

O que diz a prefeitura?

Vitória Genuíno conta que o MTST buscou a prefeitura de Jaboatão dos Guararapes para conversar sobre a situação no local. A reunião ocorreu duas semanas após a ocupação, mas ela descreve como “truncada” a conversa com o secretário-executivo de Habitação, Luiz Byron Filho. “Ele não apresentou nenhum tipo de solução viável para as famílias. Falou mais das dificuldades orçamentárias do município, mas as famílias não podem ser punidas pelas dificuldades da prefeitura”, diz Vitória. “Estamos cobrando e esperando o retorno da gestão municipal”, completa.

O Brasil de Fato entrou em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, responsável pela pasta executiva de Habitação, questionando sobre os planos para o terreno agora ocupado e se há alguma ação do Executivo municipal voltada para as novas famílias ocupantes. Até o momento não tivemos respostas. O espaço segue aberto à manifestação.

Sob a bandeira organizativa do MTST, centenas de famílias dos arredores ocuparam terreno em Jaboatão dos Guararapes | Paloma Luna / MTST



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