Desinformação sobre metanol em bebidas afeta economia real - 06/10/2025 - Encaminhado com Frequência

Desinformação sobre metanol em bebidas afeta economia real – 06/10/2025 – Encaminhado com Frequência

Noticias Gerais

Na última semana, as redes sociais foram dominadas pelo caso de metanol nas bebidas. Mais grave do que isso, também houve um pico de desinformação, causando danos à reputação e prejuízos a bares e restaurantes.

Um dos primeiros casos a ganhar repercussão foi o de uma vítima que foi internada após consumir uma caipirinha em uma lanchonete de São Paulo. Desde então, o medo fez com que o tema viralizasse, transformando a desconfiança em histeria coletiva.

O consumo de destilados caiu, bares e restaurantes tiveram que publicamente se defender de desinformação, e sobrou até para a cerveja, quando alguns relatos a apontaram como motivo de intoxicação por bebida alcoólica.

Nos grupos de mensageria, multiplicaram-se listas de “locais interditados”, “marcas perigosas” e “rotas do metanol importado do Paraguai”. A maior parte das mensagens não possuíam fonte, data ou qualquer vínculo com a realidade.

Dados da Peregrinoque monitora em tempo real mais de 100 mil grupos públicos de Whatsapp e Telegramamostram que, de 30 de setembro a 4 de outubro, circularam milhares de mensagens com menções a “metanol” e “bebida falsa”.

O pico ocorreu na noite de 3 de outubro, quando diversas listas de bares interditados rodavam os grupos. Pouco mais de 25% das mensagens sobre o tema estavam relacionadas às listas.

Também ganharam força postagens que associavam o caso ao PCCsugerindo uma trama criminosa nacional.

As mensagens com menções a “PCC” estavam frequentemente combinadas com teorias conspiratórias sobre adulteração deliberada, como se o metanol nas bebidas fosse uma espécie de retaliação em decorrência das recentes operações da polícia federal visando desmantelar o crime organizado.

A desinformação, que afetou fortemente alguns estabelecimentos, principalmente em São Paulo, ganhou força por conta de elementos que visam aumentar a credibilidade do porta-voz. No início, um suposto vazamento de uma lista com bares que estariam irregulares, e que são bastante conhecidos, aumentando o apelo para que as pessoas compartilhem, visto que transpassa a sensação de “poderia ser comigo”.

Quando a mensagem é recebida por alguém de confiança, há uma predisposição para se acreditar no conteúdo. Há, em alguns casos, um apelo ainda maior, que são mensagens acompanhadas de frases do tipo: “confirmado, meu primo é policial”.

Nesses casos, a informação já se torna, para muitos, incontestável. E quanto mais a notícia é alarmante e relacionada com a rotina daquelas pessoas, mais é encaminhada.

O resultado prático é um colapso de confiança. Consumidores deixam de consumir determinados tipos de bebidas, ou até mesmo frequentar determinados estabelecimentos. Além disso, em meio a euforia das redes, vê-se diminuída a capacidade do poder público de comunicar o que é verdadeiro.

A cada nova lista, é necessário um trabalho de monitoramento, fiscalização e comunicação, mas quando esse processo é concluído, uma nova lista já traz novos estabelecimentos.

O Ministério da Saúdepor meio do ministro Alexandre Padilhaestá realizando um trabalho importante de comunicação, procurando informar sobre a situação atual e quais ações devem ser tomadas.

No entanto, o pânico segue seu próprio ciclo, indiferente às notas oficiais. A cada novo caso ou linha de investigação, quando a informação oficial demora a preencher o vácuo, a desinformação ocupa o espaço com velocidade, emoção e senso de urgência.

Em casos como esse do metanol nas bebidas, é importante que haja concordância entre as mensagens transmitidas pelo poder público municipal, estadual e federal. A confiança é um dos elementos centrais da comunicação e a sua ausência é a matéria-prima da desinformação.


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