Pressão internacional cresce, países cobram soluções e alternativas como cruzeiros revelam improviso na organização
A menos de três meses para a COP30Belém enfrenta um impasse que vai muito além da logística: os preços da hospedagem ameaçam a imagem do Brasil como anfitrião de um dos eventos climáticos mais importantes do mundo. A Defensoria Pública do Pará notificou plataformas como Booking e Airbnb para remover anúncios com diárias até três vezes acima da média dos últimos 12 meses. As empresas têm 10 dias para identificar as ofertas abusivas e 48 horas para corrigi-las ou retirá-las do ar. A pressão é interna e também internacional. Países e organizações já alertaram sobre o impacto desses custos na participação de delegações, especialmente as mais vulneráveis. O presidente da Áustria desistiu de participar, citando explicitamente os altos preços da estadia. Nos bastidores diplomáticos, esse episódio é visto como um sinal de alerta sobre a capacidade do Brasil de garantir acesso equitativo ao evento. Com cerca de 20 mil leitos formais para receber um público estimado em 50 mil pessoas, Belém aposta em soluções emergenciais. Navios-cruzeiro ancorados no Porto de Outeiro devem acomodar cerca de 5 mil pessoas, mas exigem deslocamentos de até 30 minutos até a sede da conferência, no Parque da Cidade. Outras alternativas incluem hospedagens temporárias, que ainda levantam dúvidas sobre qualidade, segurança e acessibilidade.

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O problema da hospedagem não é apenas uma questão de conforto — é de credibilidade. Um evento que pretende discutir justiça climática e inclusão não pode se tornar símbolo de exclusão econômica. Nesta semana, uma comitiva da Ele inspecionou Belém e aprovou os planos de segurança, mobilidade e saúde para a COP30. Mas, se os preços abusivos persistirem, será difícil sustentar a narrativa de que o Brasil está pronto para receber os visitantes. O AIRBNB informou que ainda não foi notificado. A booking afirmou que não interfere nos preços das reservas de serviços de viagens na plataforma. As duas empresas reforçaram que quem controla o valor são os donos dos imóveis disponibilizados.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.