O conselheiro da Anatel Alexandre Freire representou a Agência na segunda edição do Amazon On, evento realizado em Manaus que reuniu especialistas, autoridades e representantes da sociedade civil para debater inovação, sustentabilidade e desenvolvimento na região amazônica.
Na ocasião, Freire atuou como palestrante principal e moderador do painel acadêmico “Inteligência Artificial e Mudanças Climáticas: Oportunidades e Responsabilidades na Amazônia”destacando a relevância da tecnologia como instrumento estratégico para a proteção ambiental e o enfrentamento dos desafios climáticos globais.
Segundo o conselheiro, a Amazônia, por sua importância ecológica e estratégica, constitui um espaço privilegiado para debater o papel da inteligência artificial (IA) em prol da sustentabilidade. Ele ressaltou que a IA pode ser utilizada para o monitoramento em tempo real do bioma, com apoio de satélites, drones e sensores capazes de detectar desmatamento ilegal, degradação de ecossistemas e alterações hidrológicas com precisão inédita.
Ao mesmo tempo, o dirigente ponderou que os avanços tecnológicos precisam ser acompanhados de governança clara e políticas públicas eficazes. “Na Amazônia, onde a sensibilidade ecológica é extrema, é imperativo que a IA seja direcionada para maximizar benefícios ambientais e minimizar riscos”, afirmou.
Durante sua intervenção, o conselheiro também ressaltou a importância de alinhar a inovação tecnológica às diretrizes do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, de incentivar a pesquisa verde, assegurar infraestrutura energética limpa e promover capacitação técnica voltada à sustentabilidade digital.
O painel reuniu representantes da indústria, da academia e de banco de desenvolvimento para debater inovações, regulamentações necessárias e parcerias entre os setores público e privado. A proposta é fomentar soluções que aliem tecnologia e preservação ambiental, com foco especial na proteção da Amazônia e na contribuição para o equilíbrio climático global.
O especialista Julian Najles destacou que o Banco Mundial está atuando em múltiplas frentes para apoiar a transformação digital e ecológica no Brasil e em outros países, com foco especial em inteligência artificial e sustentabilidade, apresentando alguns projetos desenvolvidos.
A diretora institucional da Ericsson para a América do Sul, Jacqueline Lopes, apresentou casos de uso que ilustram como a empresa enxerga a relação entre IA, tecnologia, sustentabilidade e clima, além de apontar os principais desafios do setor.
O diretor executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, Fabro Steibel, comentou sobre o paradoxo entre a crença de que a IA causa um impacto ambiental significativo e a possibilidade de também ser usada para reduzir esse impacto. Ele ressaltou a importância de avaliar a questão com cuidado, evitando a importação indiscriminada do discurso europeu, já que a realidade ambiental e energética brasileira é própria e diversa. Defendeu ainda a necessidade de métricas nacionais e enfatizou que, sem uma robusta infraestrutura de data centers no Brasil, o avanço tecnológico será limitado.
Por fim, Marcelo Motta, diretor de tecnologia, governança e privacidade da Huawei Brasil e América Latina, apresentou soluções desenvolvidas pela empresa, os principais desafios e a disposição em fornecer infraestrutura para novas aplicações. Em relação ao impacto sobre o clima, observou a dificuldade de estabelecer métricas objetivas, considerando que se trata de uma tecnologia disruptiva e ainda em evolução.
“É através do diálogo acadêmico e da colaboração entre diferentes setores que construiremos soluções efetivas para um futuro mais sustentável para este bioma e para o planeta”, concluiu Freire.