A brasileira Flávia Alves Musto está presa há uma semana pela Interpol na Itália, após ser condenada por mandar matar o ex-marido há duas décadas em Recife. A mulher é acusada de contratar pistoleiros para sequestrar e assassinar a tiros Isaías de Lira, de 27 anos, encontrado morto numa estrada de terra em 14 de agosto de 2005.
Segundo a família da vítima, o paradeiro dela era desconhecido desde 2015 e só foi descoberto por uma das irmãs de Isaías, a assistente jurídica Allira Lira, no início deste mês.
Allira contou que descobriu onde a mulher estava depois que encontrou, com a ajuda de um amigo, uma certidão de casamento registrada no nome da ex-cunhada com um italiano num cartório de Petrolina. A descoberta se deu enquanto ela concluía a escrita de um livro sobre o caso. O g1 tenta contato com a defesa de Flávia Alves Musto.
De acordo com Allira, o irmão dela decidiu encerrar definitivamente o casamento após descobrir que havia sido traído e passou mais de um ano sendo perseguido pela ex-esposa, que não queria aceitar o fim da relação. Também consta no processo que Flávia planejou o crime ao saber que Isaías estava começando a se relacionar com outra mulher.
Ainda segundo a irmã da vítima, Isaías foi assassinado um dia depois de completar 27 anos, em 13 de agosto de 2005. Ele estava comemorando com um grupo de amigos em um bar no bairro de Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife, quando foi sequestrado.
Conforme testemunhas, dois criminosos disfarçados de policiais entraram no estabelecimento, dizendo que Isaías seria conduzido à delegacia para responder sobre um suposto esquema de tráfico de drogas que envolvia um amigo dele.
Ainda de acordo com Allira, os amigos da vítima tentaram seguir o carro, mas perderam o veículo de vista quando entraram na BR-101. O corpo de Isaías foi encontrado no dia seguinte, pela polícia, na Estrada de Jaguarana, no bairro de Maranguape 2.
Segundo a irmã de Isaías, o inquérito levou sete anos para ser concluído e passou por seis delegados diferentes. Allira disse que, diante da demora, resolveu estudar direito e contou que as investigações só começaram a andar depois que ela conheceu o promotor de Justiça que acompanhava o caso quando era estudante, em 2011.
No ano seguinte, o inquérito foi concluído com a decretação da prisão preventiva de Flávia Alves. Ela permaneceu detida até 2014, quando acabou o prazo de detenção e ela foi solta, respondendo ao processo criminal em liberdade. A partir de então, a ré deixou de comparecer às audiências, segundo a irmã da vítima.
Após ser localizada pela Interpol, Flávia foi encaminhada para uma unidade prisional na Itália, onde aguarda a análise de um pedido de extradição feito pela Justiça brasileira.