Como general acusado de planejar morte de Lula quer usar irmão para se livrar da trama golpista

Como general acusado de planejar morte de Lula quer usar irmão para se livrar da trama golpista

Noticias Gerais

O nome do general Mário Fernandes ganhou o noticiário político-policial depois que se descobriu que, na esteira dos planos golpistas discutidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e por integrantes do antigo governo, havia um planejamento meticuloso para assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Considerado entre os mais de 30 réus aquele com a situação jurídica mais delicada, para tentar se livrar da pecha de idealizador de uma série de assassinatos e de acusações que podem condená-lo a até 40 anos de cadeia, Fernandes terá como testemunha de defesa seu próprio irmão. A estratégia, revelada por VEJA em maio, segue uma lógica peculiar.

Marcelo Fernandes, a testemunha, era chefe da 10ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal e responsável por policiar a região do aeroporto de Brasília. O policial cujo depoimento pode amainar as acusações contra o irmão general foi um dos primeiros a chegar à pista que dá acesso ao terminal Juscelino Kubitschek no dia 24 de dezembro de 2022, data em que o gerente de posto de gasolina George Washington de Sousa colocou uma bomba em um caminhão para que a explosão, consolidada, funcionasse como estopim para uma intervenção das Forças Armadas em favor da administração Bolsonaro.

Foi Marcelo Fernandes também quem localizou o motorista do caminhão onde foi plantado o explosivo e prendeu o autor da confecção da bomba. Ao arrolar o irmão como testemunha, o general Mário Fernandes quer emplacar a tese de que não faria sentido ele fazer o plano de execução de autoridades conhecido como Punhal Verde e Amarelo e ter o próprio familiar desarticulando um dos capítulos que, se desse certo, levaria o país ao caos social. Como se sabe, a bomba instalada por George Washington falhou e não explodiu.

Pela estratégia de defesa do militar, ele não participou de conspirações reais como a que por pouco não jogou parte de Brasília pelos ares, e o documento que previa “neutralizar” Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes não passaria de uma análise conceitual típica do meio militar, e não um projeto para ser colocado em prática. “Neutralizar”, por essa versão, não seria sinônimo de matar.

Marcelo Fernandes integra a lista de testemunhas de defesa do general e nesta terça-feira, 1º, o ministro Alexandre de Moraes notificou a Polícia Civil do DF para que o libere para a oitiva, agendada o dia 18. Transferido dentro da corporação, hoje o policial está lotado na área responsável por investigar golpes de outra natureza — estelionato e crimes financeiros.

Conteúdo original

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *