16 de maio de 2025 – A China, a União Europeia (UE) e a Argentina anunciaram, nesta sexta-feira (16), a suspensão das compras de carne de frango do Brasil por um período inicial de 60 dias. A decisão foi tomada após o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmar a presença do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em um plantel de aves comerciais no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul.
Embora o foco esteja localizado em uma região específica, tanto a China quanto a UE decidiram suspender as importações de todo o território nacional, conforme previsto nos acordos comerciais vigentes com o Brasil.
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Impacto nas exportações e posicionamento do governo
A China, principal destino da carne de frango brasileira, importou 562,2 mil toneladas em 2024, o equivalente a 10,8% do total exportado. A União Europeia, por sua vez, foi o sétimo maior mercado, com 231,8 mil toneladas (4,49% do total), segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
No caso da Argentina, o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar (Senasa) suspendeu preventivamente a entrada de produtos e subprodutos avícolas brasileiros que exigem comprovação de ausência do vírus. A medida ocorre mesmo com o foco estando a cerca de 620 km da fronteira com o Brasil.
Em nota oficial, o Mapa reforçou seu compromisso com a transparência e a qualidade sanitária dos produtos exportados: “As restrições de exportação seguirão fielmente os acordos sanitários realizados com nossos parceiros comerciais”, informou o ministério.
Reconhecimento do princípio de regionalização pode reduzir impacto
O governo brasileiro tem defendido o princípio de regionalização sanitária, previsto pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), limitando a suspensão de exportações ao raio de 10 km do foco da doença. Contudo, a aplicação desse princípio varia de país para país.
Países como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Filipinas já aceitam a regionalização para casos de IAAP, o que pode mitigar os impactos nas exportações brasileiras. Esses quatro países, junto à China, responderam por 35,4% do total exportado em 2024.
Maior exportador mundial de carne de frango, o Brasil vendeu 5,2 milhões de toneladas para 151 países no ano passado, gerando receitas de US$ 9,9 bilhões. Mais de 35% da produção nacional é destinada ao mercado externo, com Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul responsáveis por 78% dessas exportações.
Consumo seguro e risco à saúde humana é baixo, afirma governo
Apesar da repercussão internacional, o Ministério da Agricultura reforçou que não há risco à saúde da população no consumo de carne de frango ou ovos. Segundo a pasta, a gripe aviária não é transmitida por alimentos e o risco de infecção em humanos é muito baixo, ocorrendo, em geral, apenas em pessoas com contato direto e intenso com aves infectadas.
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