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Caminhoneiros no limite: cansaço e pressão elevam riscos nas estradas

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O cotidiano dos caminhoneiros brasileiros, marcado por jornadas exaustivas, má alimentação, sedentarismo e uso de estimulantes perigosos, aumenta riscos nas estradas. Essa combinação afeta diretamente a saúde física e mental desses profissionais e, como consequência, facilita a ocorrência de acidentes de trânsito envolvendo caminhões nas rodovias.

Segundo levantamento da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra)com base em dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), embora ônibus e caminhões representem apenas 4% da frota nacional, foram responsáveis por 51,5% das mortes em rodovias federais no primeiro semestre de 2024 — totalizando 1.499 vítimas fatais.

Além disso, os veículos pesados causaram mais de 27% dos sinistros e feridos no mesmo período: 9.722 envolvendo ônibus e 10.975 envolvendo caminhões.

Riscos nas estradas: Fadiga, estresse e sono são inimigos silenciosos do volante

UM falta de descanso adequado é um dos maiores vilões da segurança viária. De acordo com a Prfas autuações por descumprimento da Lei do Descanso mais que quadruplicaram: foram 4.898 no primeiro trimestre de 2023 contra 20.320 em 2024 — um aumento de 315%.

O Vice-Presidente de Abraham, Rikle Hegelealerta que a fadiga e a sonolência comprometem seriamente os reflexos, o tempo de reação e a atenção dos motoristas, aumentando o risco de sinistros graves.

“A cada seis horas de direção, o caminhoneiro precisa de um descanso mínimo de 30 minutos, e é proibido dirigir mais de cinco horas e meia sem pausa. Isso está na Lei 13.103/2015, mas muitas vezes não é respeitado”, reforça.

Segundo Hegele, cerca de 30% dos sinistros são causados por motoristas que dormem ao volantee esses casos representam até 20% das mortes nas estradas.

Riscos nas estradas: saúde mental em alerta

O impacto emocional da profissão também merece atenção. O isolamento prolongado, a distância da família, a pressão por prazos e a solidão dentro da boleia criam um cenário propício ao desenvolvimento de transtornos mentaiscomo ansiedade e depressão.

Pesquisas da Codemat (Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho) mostram que 50% dos caminhoneiros que trabalham mais de 16 horas por dia recorrem ao uso de drogas como anfetaminas e cocaína para se manterem acordados. Entre os que trabalham de 4 a 8 horas, o índice é de 17%.

“Estudos apontam que entre 15% e 20% dos caminhoneiros sofrem de algum transtorno mental, sendo a depressão a mais comum. Precisamos de políticas públicas que ofereçam suporte psicológico e médico à categoria”, alerta Hegele.

Exames e leis mais rígidas são urgentes

O diretor científico da Ammetra, Alysson Coimbradefende a revisão da legislação atual, que passou a exigir a renovação da CNH a cada 10 anos para todos os motoristasinclusive os profissionais.

“Isso é um erro. Em uma década, a condição física e mental do motorista pode se deteriorar significativamente. Os exames precisam ser mais frequentes para quem passa horas ao volante de veículos de grande porte”, explica Coimbra.

Dados recentes apontam que o número de brasileiros com restrições na CNH por problemas de visão cresceu 80% nos últimos 10 anos. Soma-se a isso o aumento dos transtornos psicológicoscom o Brasil liderando rankings globais de ansiedade e depressão.

A realidade do transporte rodoviário no Brasil exige ações urgentes para proteger a saúde dos caminhoneiros e a segurança de todos nas estradas.
Investir em políticas de prevenção, infraestrutura de apoio, fiscalização rigorosa e acompanhamento médico contínuo são medidas essenciais para reverter esse cenário alarmante.

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