Trump diz que anunciará nova taxa ao Brasil entre hoje e amanhã

Brasil deve responder a sanções com abertura, não com retaliação

Artigo Policial

Para Magno Karl, medidas protecionistas fragilizam a economia e prejudicam os mais pobres; a alternativa está no livre comércio e na previsibilidade institucional

Efe/EPA/Shawn thewTarifas de 50% sobre produtos brasileiros impostas por Trump reacendeu o debate sobre os riscos de adotar respostas retaliatórias

A decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trumpde impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros reacendeu o debate sobre o papel do Brasil no comércio internacional e os riscos de adotar respostas retaliatórias. Justificada como uma forma de pressionar decisões do governo Lula e do Supremo Tribunal Federal, a medida foi classificada como um “grave retrocesso” nas relações bilaterais por Magno Karl, diretor-executivo do movimento Livres.

“Responder a tarifas com mais tarifas é reforçar a lógica destrutiva do protecionismo. O Brasil precisa resistir à tentação do populismo econômico e construir uma política externa que priorize o bem-estar dos consumidores, e não os interesses eleitorais dos líderes políticos”, afirma Karl.

A reação mais visível do governo até o momento foi a aprovação da chamada Lei da Reciprocidadeque autoriza o país a aplicar medidas punitivas contra nações que prejudiquem seu comércio — incluindo tarifas e até a suspensão de direitos de propriedade intelectual. Para o Livres, no entanto, essa resposta pode ser tão prejudicial quanto a sanção original. “A Lei da Reciprocidade rompe com a tradição diplomática brasileira de defesa do multilateralismo e gera insegurança jurídica ao adotar conceitos vagos e critérios subjetivos”, avalia Karl.

Segundo o cientista político, em vez de afirmar o Brasil como um parceiro confiável, ela nos aproxima de práticas unilaterais que enfraquecem o comércio internacional e aumentam os custos para os mais pobres. Inclusive, um estudo publicado pelo Livres reforça a ineficácia de medidas protecionistas.

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Cenário que se repete

Dados do Peterson Institute apontam que tarifas como forma de coerção política alcançaram seus objetivos em apenas 23% dos casos. Além disso, pesquisa do National Bureau of Economic Research revela que, após a guerra comercial de 2018, os preços domésticos nos EUA subiram 10,4% com o aumento de tarifas de 10%.

“O protecionismo não é apenas ineficaz — é cruel com os mais pobres. Tarifas são impostos silenciosos sobre alimentos, produtos de primeira necessidade e insumos industriais”, declara Magno. De acordo com o diretor do Livres, este é um momento estratégico para o Brasil repensar sua política comercial. Com uma tarifa média de 13,3%, o país tem uma das mais altas entre os membros do G20 e conta com apenas sete acordos de livre comércio fora do Mercosul.

“A abertura gradual e estratégica poderia elevar a produtividade, reduzir preços e impactar positivamente o PIB, como mostram simulações da OCDE. O Brasil deve tomar a iniciativa e reafirmar seu compromisso com a previsibilidade institucional e o livre comércio”, comenta. Para Karl, o país deve seguir um caminho oposto ao da retaliação. “O Brasil deve ser um exemplo, não seguir a trilha. Precisamos mostrar ao mundo que somos os que mais crescem no diálogo, na abertura e na confiança nas instituições democráticas. Essa é a resposta que fortalece o Brasil — não apenas diante do seu maior parceiro comercial, mas diante de si mesmo”, conclui.

Esta publicação é uma parceria da Jovem Pan com o Livres
O Livres é uma associação civil sem fins lucrativos que reúne ativistas e acadêmicos liberais comprometidos com políticas públicas pela ampliação da liberdade de escolha

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.



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