O conselheiro diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Alexandre Freire participou nessa quarta-feira (9/7) do WSIS+20, evento integrante da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação (WSIS 2025), realizada em Genebra. O WSIS 2025 é promovido pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) para debater os avanços e desafios da sociedade da informação.
Freire defendeu uma abordagem humanista da transformação digital, afirmando que se trata de um processo inclusivo. Segundo ele, levar conectividade a quem está à margem não é apenas uma questão de infraestrutura, mas um gesto de reparação histórica e de afirmação de direitos.
Ao destacar o impacto social da expansão das redes de telecomunicações, o conselheiro afirmou que conectar comunidades indígenas, quilombolas, mulheres em situação de vulnerabilidade ou refugiados é mais do que entregar redes de fibra óptica — é reconhecer o direito à cidadania digital, ao pertencimento e ao futuro. Para Freire, a verdadeira conexão não se mede apenas em megabits por segundo, mas se traduz em oportunidades reais de aprendizado, empreendedorismo, proteção, sonhos e prosperidade.
“Conectar é devolver dignidade”, afirmou. “É dizer a cada pessoa: você importa, você pertence, você tem um futuro.” Ao encerrar sua participação, o conselheiro destacou que essa é a visão que tem orientado o trabalho da Anatel nos últimos anos. Segundo ele, a transformação digital só será completa quando for, acima de tudo, inclusiva e humana.
Freire também mencionou que nenhum país pode alcançar esse objetivo de forma isolada. “Precisamos de colaboração entre governos, empresas e instituições de pesquisa. Juntos, podemos construir políticas que apoiem a inovação e nos aproximem de um mundo no qual a inclusão digital seja um direito, não um privilégio”, finalizou.
Leia a íntegra do pronunciamento.
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Inovação regulatória e colaboração multissetorial
Durante a Mesa Redonda de Reguladores (WSIS 2025), realizada no dia 8/7, o conselheiro Alexandre Freire apresentou as estratégias da Agência para fomentar tecnologias emergentes com sustentabilidade e inclusão, reforçando o papel dos ambientes regulatórios experimentais e das parcerias intersetoriais. A mesa contou com a participação de cerca de 50 especialistas globais.
1. Sandbox regulatório e inovação sustentável
Freire destacou o uso de sandboxes regulatórios como ferramenta para promover inovações responsáveis, citando o projeto “direct-to-device” (comunicação via satélite direto para celulares), aprovado pela Anatel. A iniciativa, que amplia o acesso em áreas remotas, alinha-se a sete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), incluindo erradicação da pobreza (ODS 1) e redução das desigualdades (ODS 10). A Anatel foi, inclusive, premiada no mesmo evento por um projeto educativo voltado à segurança digital infantil, reforçando seu compromisso com a inclusão.
2. Parcerias para governança integrada
O conselheiro enfatizou a colaboração com instituições como:
* BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento): parceria para criação de um índice ESG no setor de telecomunicações, com foco em investimentos verdes;
* ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres): realização do evento Infraconnect, que debate conectividade e infraestrutura sustentável;
* UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e ABC/MRE (Agência Brasileira de Cooperação/Ministério das Relações Exteriores): acordo para promover conectividade significativa e inteligência artificial ética, especialmente voltada a grupos vulneráveis.
Freire ressaltou que tais iniciativas refletem o ODS 17 (Parcerias e meios de implementação), essencial para enfrentar desafios complexos por meio da cooperação internacional.
3. Capacitação adaptativa para reguladores
Ao tratar de temas como inteligência artificial e computação quântica, Freire defendeu uma regulação baseada em princípios, ágil e centrada no impacto social. “Nosso trabalho deve melhorar a vida das pessoas, combinando evidências técnicas com ética”, afirmou.
A participação da Anatel no WSIS 2025 ganhou ainda mais relevância com o prêmio internacional recebido pelo projeto teatral “Vida de Influencer”, que educa crianças sobre segurança online — iniciativa citada como exemplo prático de “conectividade significativa”.