O controle rigoroso do diabetes ajuda a preservar a saúde dos rins e evita complicações graves ao longo do tempo
Você tem diabetes? Então seus Rins merecem atenção redobrada, pois podem ser diretamente afetados pela doença. O que muita gente não sabe é que o diabetes é a principal causa de doença renal crônica (DRC) no mundo. Estima-se que 4 em cada 10 pessoas com diabetes desenvolvam algum grau de DRC. No Brasil, cerca de 32% dos pacientes em diálise têm o diabetes como causa da falência renal, número que pode ser ainda maior em algumas regiões.
Por que o diabetes prejudica os rins?
A nefropatia diabética é uma complicação comum tanto no diabetes tipo 1 quanto no tipo 2. Com o tempo, a glicemia mal controlada danifica os vasos sanguíneos dos rins, responsáveis pela filtragem do sangue. Além disso, a pressão arterial elevada, frequente em pessoas com diabetes, acelera esse processo.
O problema é que esse dano renal geralmente evolui de forma lenta e silenciosa. Na maioria dos casos, não há sintomas nas fases iniciais, e muitos só descobrem a doença quando ela já está avançada — em um estágio em que a diálise pode ser inevitável. Por isso, a única forma de detectar precocemente a doença renal diabética é por meio de exames de sangue e urina regulares.
Detecção precoce e diagnóstico
O diagnóstico tradicional se baseia na presença de proteínas (albuminúria) na urina e na avaliação da taxa de filtração glomerular estimada (TFGe). Embora essa combinação ainda seja o padrão, estudos mostram que, em alguns pacientes, a queda da TFGe pode ocorrer mesmo sem albuminúria. Isso reforça a importância do acompanhamento regular.
Prevenção e tratamento da doença renal diabética
A boa notícia é que a lesão renal relacionada ao diabetes pode ser prevenida ou retardada com medidas simples e eficazes:
- Controle rigoroso da glicemia: manter a hemoglobina glicada (HbA1c) abaixo de 7%, ajustando a meta individualmente. Além da metformina e da insulina, medicamentos como os inibidores de SGLT2 (empagliflozina e dapagliflozina) oferecem proteção renal e cardiovascular comprovada.
- Controle da pressão arterial: preferência pelo uso de medicamentos que bloqueiam o sistema renina-angiotensina (como losartana ou enalapril) em pacientes com albuminúria ou queda da função renal.
- Novas terapias: a finerenona, um antagonista não esteroidal do receptor mineralocorticoide, demonstrou reduzir a perda de proteínas na urina e retardar a progressão da disfunção renal.
- Mudanças de estilo de vida: alimentação com pouco sal, restrição moderada de proteínas, prática regular de exercícios físicos, abandono do tabagismo e controle do colesterol e do peso corporal.
Acompanhamento contínuo: garanta a saúde dos rins
Mesmo que você se sinta bem, é essencial avaliar a função renal ao menos uma vez por ano caso tenha diabetes. A detecção precoce e o controle adequado dos fatores de risco são as melhores estratégias para evitar complicações graves no futuro e garantir qualidade de vida.
Dra. Carlucci Ventura – CRM/SP 75746
Nefrologista, Membro da Sociedade Internacional de Nefrologia