Ata do Copom destaca riscos externos após aumento da Selic e impacto limitado de novo crédito consignado

Copom indica fim do ciclo de alta da Selic em ata, mas mantém tom cauteloso

Artigo Policial

Documento divulgado pelo BC mostrou que decisão foi unânime e levou em conta a persistência de pressões inflacionárias, a resiliência da atividade econômica e um cenário externo ainda incerto

Raphael Ribeiro/BCBAlta foi a sétima consecutiva desde o início do atual ciclo, em setembro, sendo a quarta sob a gestão de Gabriel Galípolo no BC

O Banco Central divulgou nesta terça-feira (24) a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que elevou a taxa básica de juros (Selic) de 14,75% para 15% ao ano. Com isso, os juros atingiram o maior nível desde julho de 2006. O documento reforça o tom cauteloso adotado pelo comitê e sinaliza que, apesar da elevação, o ciclo de alta pode estar chegando ao fim. Segundo a ata, a decisão foi unânime e levou em conta a persistência de pressões inflacionárias, a resiliência da atividade econômica e um cenário externo ainda incerto.

A alta foi a sétima consecutiva desde o início do atual ciclo, em setembro do ano passado, sendo a quarta sob a gestão de Gabriel Galipolopresidente do BC indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao todo, a Selic acumula alta de 4,5 pontos percentuais no período. Apesar da elevação, o Copom sinalizou que o atual patamar deve ser mantido por um “período bastante prolongado”, termo repetido cinco vezes ao longo do texto, e que novas altas só ocorrerão se houver deterioração significativa do cenário. “O comitê enfatiza que seguirá vigilante e não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, diz o comunicado.

O objetivo do BC é conduzir a inflação à meta de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. No entanto, as projeções oficiais para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ainda estão acima do centro da meta: 4,9% para 2024 e 3,6% para 2026. Já o mercado, segundo o Boletim Focus, prevê 5,25% em 2025 e 4,5% em 2026 — exatamente no limite superior da meta.

A ata aponta que os chamados núcleos de inflação, que excluem itens voláteis, continuam acima do nível compatível com o cumprimento da meta, o que sugere pressão de demanda na economia. Além disso, o Copom alertou que o impacto total da política monetária ainda não foi completamente sentido pela economia, devido à defasagem natural entre a adoção dos juros e seus efeitos práticos.

O comitê avaliou que a atividade econômica permanece forte, com o mercado de trabalho aquecido, sustentando o consumo e os rendimentos. O crédito também segue robusto, embora com sinais de desaceleração e maior comprometimento da renda das famílias com dívidas. Essa conjuntura reduz o espaço para a queda da inflação e, por consequência, para uma flexibilização monetária no curto prazo. Apesar disso, o Copom identificou alguma moderação no ritmo de crescimento da economia, ainda que de forma gradual. “O processo de moderação de crescimento segue ocorrendo”, afirma o texto.

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No cenário internacional, o BC mencionou incertezas como o conflito geopolítico no Oriente Médio e os efeitos remanescentes da guerra comercial dos EUA sobre o mercado global, especialmente o de petróleo. Internamente, destacou que a política fiscal precisa estar alinhada com a política monetária para garantir a credibilidade do controle inflacionário. Fez, inclusive, um aceno ao Ministério da Fazenda, ao citar como positivo o debate sobre a redução de gastos tributários.

Veja análise de Alan Ghani

*Reportagem produzida com auxílio de IA



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