A Rússia sai das sombras na África com o Estado Paramilitar

A Rússia sai das sombras na África com o Estado Paramilitar

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Com a ascensão de uma força paramilitar que os analistas dizem ser controlada pelo Kremlin, a Rússia está expandindo abertamente sua pegada militar estadual na África, depois de anos distanciando-se dos mercenários destacados no continente para apoiar os governantes pró-russos.

A Rússia está usando a força da África para aumentar sua influência, em particular, na África Ocidental, onde a presença do ex -mestre colonial da França está diminuindo.

O Corpo da África, que se acredita ser administrado pelo Ministério da Defesa da Rússia, está intensificando sua presença e preenchendo a lacuna deixada por Wagner, o grupo mercenário fundado pelo falecido Yevgeny Prigozhin, que anunciou sua saída do Mali no início de junho.

O Kremlin sempre negou que estava por trás de Wagner, cujo fundador morreu em um acidente de avião em 2023, depois do início do ano, liderando seus combatentes em uma rebelião sem precedentes, mas de curta duração, onde avançaram em direção a Moscou.

“O uso da negação plausível agora é substituído pela visibilidade gerenciada”, disse à AFP pesquisadora de segurança de Tbilisi, Nicholas Chkhaidze.

“A transferência de ativos de Wagner no Mali para o Corpo da África, que é um mecanismo de influência coordenado pelo estado, é mais do que simbólico, pois demonstra uma transição estratégica do proxy para uma cadeia de energia operada pelo governo”.

A África está expandindo sua presença como Mali, Burkina Faso e Níger, liderados por juntas que tomaram o poder em golpes entre 2020 e 2023, se afastaram da França e se aproximaram da Rússia.

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O porta -voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Moscou pretendia desenvolver uma cooperação abrangente com os países africanos. “Essa cooperação também se estende a áreas sensíveis como defesa e segurança”, disse ele.

– ‘Miríade riscos’ –

Wagner, cujos métodos brutais foram denunciados por grupos de direitos, é o grupo mercenário mais conhecido da Rússia.

Após a morte de Prigozhin, o Ministério da Defesa da Rússia trabalhou para incorporar unidades Wagner e desmontar algumas de suas operações.

De acordo com a Rand Corporation, uma organização de pesquisa, os mercenários russos estão claramente presentes em cinco países, além do Mali: Burkina Faso, Líbia, Níger, Sudão e República da África Central.

Christopher Faulkner, do Colégio de Guerra Naval dos EUA, disse que a transição é um passo pragmático e simbólico.

“A entrega ao Corpo de África significa que a Rússia se sente à vontade em ter um ativo do Ministério da Defesa operando abertamente lá”, disse ele à AFP.

De acordo com o Instituto de Estudo da Guerra, a República da África Central é o “último bastião” das operações de Wagner na África, com o Ministério da Defesa da Rússia tentando substituir Wagner pelo Corpo da África também.

Beverly Ochieng, analista da África do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, disse que o Kremlin vê o Sahel como uma região onde os russos podem ter uma presença estratégica geopolítica e uma influência contra ocidental.

“O Kremlin continuará a fornecer apoio direto ao Corpo da África, eles continuarão enviando remessas de equipamentos e armas”, disse ela.

“Veremos um ritmo constante de violência do grupo da Al-Qaeda em resistência ao envolvimento da Rússia”, acrescentou.

No entanto, o Instituto para o Estudo da Guerra alertou a mudança para a presença do estado russo mais evidente na África poderia levar a “riscos nacionais e geopolíticos para o Kremlin”.

“O risco para o prestígio russo pode levar a Rússia a ficar mais profundamente arraigada em conflitos de longo prazo para ‘Save Face’, o que prenderia o Kremlin em sua própria série de ‘Wars Forever'”, disse o think tank.

“Wagner era mais imune a emaranhados de longo prazo e até retirou abruptamente de lugares, como Moçambique, quando os benefícios superaram os custos”.

– ‘Táticas brutais’ –

Os analistas não esperam que os grupos paramilitares russos mudem, apesar da mudança, apontando para violações dos direitos humanos.

“Não é improvável que o Corpo da África possa apresentar uma abordagem mais profissional, mas o manual operacional de incluir a violência permanecerá intacto”, disse Chkhaidze.

“As táticas brutais de contra -insurgência, como massacres e punições coletivas, são estruturais, não apenas pessoais”, acrescentou.

De acordo com a Rand Corporation, pelo menos metade do pessoal do Corpo de África são veteranos de Wagner, com prioridade concedida àqueles que lutaram na Ucrânia, muitos deles ex -condenados.

De acordo com um relatório publicado na semana passada por um jornalista coletivo, em seus mais de três anos no Mali, Wagner sequestrou, detém e torturou centenas de civis.

As vítimas, que foram entrevistadas por um consórcio de repórteres liderados por histórias proibidas, falou sobre o waterboard, espancamentos com cabos elétricos e sendo queimados com bundas de cigarro.

Bakary Sambe, diretor executivo do think tank do Instituto Timbuktu em Dakar, disse que para os malianos a distinção entre os dois grupos paramilitares russos era amplamente artificial.

“Aos olhos da população, isso é apenas uma mudança de nome, sem desenvolvimentos positivos em uma das piores situações de segurança em 10 anos”, disse Sambe.

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