55 anos O Carreteiro

55 anos O Carreteiro: caminhões aquém da realidade atual

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Como parte de uma cadeia de empresas que tradicionalmente promovem a evolução de seus produtos, a indústria automotiva está entre as que mais evidenciam o abismo existente entre os veículos de décadas passadas e os modelos atuais. Essa dinâmica, marcada por inovações e avanços tecnológicos, geralmente associados à segurança, eficiência e conforto, tem sido matéria-prima das páginas da revista O Carreteiro desde 1970 – época em que caminhões, motoristas e todo o setor de transporte rodoviário de cargas estavam muito aquém da realidade atual.

Agora, em 2025, ano em que a publicação comemora 55 anos de circulação, como parte das celebrações estamos publicando matérias que remetem à história do setor de transporte. Assim, nesta edição 569, nossa viagem ao passado destaca três modelos que estavam em produção no ano de 1981: o cavalo mecânico Scania L 111 S, o Chevrolet D-70 4×2 e o Ford F 21.000 6×2.

55 ANOS O CARRETEIRO: ÍCONE DAS ESTRADAS – Até mesmo os profissionais mais jovens do setor já ouviram falar do Scania “Jacaré”, apelido atribuído aos modelos L 75, L 76, L 110 e L 111. No entanto, quando o caminhão recebia a letra “S”, havia um grande diferencial: o motor turbo.

A era de produção dos Jacarés (série 1) terminou em 1981 e naquele ano, a equipe da revista O Carreteiro testou o Scania L 111 S. O famoso   cavalo mecânico tinha o trem de força formado pelo motor Scania DS11 de 11 litros, com potência de 296 cv a 2.200 rpm e torque máximo de 111 mkgf (1.088,5 Nm), além da transmissão sincronizada GR 860 de 10 velocidades.

Segundo a publicação, o veículo rodou com PBTC de 39.998 kg e obteve média de 1,98 km/litro. Vale lembrar que, na época, o turbo era um item opcional – assim como a direção com assistência hidráulica. O desempenho do L 111 S recebeu elogios da equipe, especialmente nos trechos de subida.

No entanto, o projeto da cabine, já antigo, com para-brisa pequeno e capô longo, limitava a visibilidade do motorista. Ainda em 1981, a Scania aposentou a série 1 e lançou a série 2, com cabine avançada, mais espaçosa e com maior campo de visão. Entre 1976 e 1981, foram comercializadas mais de 9.700 unidades do L111 no mercado brasileiro.

Vale lembrar que o apelido “Jacaré” surgiu por conta do desenho característico do capô longo e baixo, lembrando o formato do réptil. Os Jacarés ficaram reconhecidos e famosos tanto pela robustez quanto pelo desempenho e também pelo visual marcante da cor laranja, que para muita gente – até mesmo para a Scania – se tornou uma assinatura visual da marca por um período.

O SUPERDOTADO – Era assim que a propaganda General Motors se referia ao Chevrolet D-70, lançado em 1981. O principal ponto de inovação do veículo era o motor Perkins 6.358, uma evolução do 6.354, com melhorias, como a introdução da injeção direta – que proporcionava maior eficiência e desempenho, resultando em mais potência, menor consumo de combustível e redução das emissões.

Com seis cilindros em linha, o Perkins 6.358 era um motor de 5,8 litros, com aspiração natural, potência de 127 cv a 3.800 rpm e torque máximo de 354 Nm a 1.400 rpm. Essa configuração, nova à época, incorporava diversos componentes atualizados, como filtro de ar, embreagem com disco de 13 polegadas, radiador, suportes e adutor do ventilador.

A caixa de câmbio, fornecida pela Clark, tinha cinco marchas destacadas como de fácil engate, e o eixo traseiro, com duas velocidades mais reforçado com acionamento por ar comprimido, também eram destacados no Chevrolet D-70. A fabricante também enfatizava a injeção direta de combustível como um dos fatores que justificavam o apelido de “Superdotado”.

Entre os equipamentos de série estavam o tacômetro (antes opcional) e a direção hidráulica. Outros itens destacados incluíam ventilador de teto (escotilha), bancos com espuma moldada e revestimento em vinil, cabine em cores como azul, branco, vermelho e bege, acendedor de cigarros, buzina aguda, sombreira do lado do passageiro e espelhos retrovisores de maior dimensão.

O MAIS PESADO DA MARCA – Integrante da nova linha de caminhões Ford lançada em 1980, o F 21.000 6×2, com terceiro eixo tandem de fábrica, se destacava como o caminhão mais pesado da marca. O modelo era equipado com motor MWM D 229 6N, de 5,882 litros, potência de 127 cv a 2.800 rpm, torque de aproximadamente 360,87 Nm a 1.600 rpm e câmbio Clark 282 VH, com cinco marchas à frente e uma à ré. O eixo traseiro, fornecido pela Braseixo, contava com relação de transmissão 6,65/9,12:1.

O teste do F 21.000 6×2, publicado na edição de janeiro de 1981 da revista O Carreteiromostrou que o caminhão cumpria bem ao que se propunha, porém apresentava diferenciais excepcionais. Carregado em seu PBT de 20.430 kg (dos quais 13.514 kg eram de carga útil), o veículo era considerado semipesado para os padrões atuais. As rodas raiadas conferiam-lhe um ar de robustez.

Entre os pontos positivos estavam o baixo nível de ruído interno, o assento confortável e a boa ventilação da cabine. Os bancos individuais e a direção hidráulica eram opcionais. A equipe de reportagem também fez observações sobre possíveis melhorias.

Entre elas, o texto destacava o comando do limpador de para-brisa e dos faróis poderia estar mais acessível ao motorista. E o conta-giros, por sua vez, não apresentava faixas indicando a rotação de potência máxima ou a faixa econômica do motor.

Por outro lado, o diferencial de velocidade foi considerado fácil de operar, com eficiência tanto nos engates das marchas altas quanto nas reduções, sem trancos ou “arranhadas”. Esse recurso permitia o aproveitamento pleno do torque e da potência do motor, especialmente em subidas. Já a ausência de freio motor exigia maior cautela nos trechos de descida, para evitar o superaquecimento e o desgaste excessivo das lonas de freio.



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